Morre aos 98 anos Riachão, um dos principais nomes do samba no Brasil

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Famoso por composições como “Cada Macaco no Seu Galho”, gravada por Gilberto Gil, Riachão é uma lenda no samba brasileiro

Riachão era ícone de alegria. Foto: Carol Garcia/ Secretaria de Cultura da Bahia

Clementino Rodrigues, mais conhecido como Riachão, faleceu na madrugada desta segunda-feira (30), aos 98 anos, em sua residência no bairro do Garcia, em Salvador. De acordo com amigos e familiares, o artista morreu de causas naturais enquanto dormia.

Riachão havia se queixado de dor abdominal no último domingo (29), tomou uma medicação passada por profissionais de saúde e foi repousar. Os familiares monitoravam seu sono, mas só notaram que ele estava sem vida na manhã desta segunda.

Riachão gravou o seu último disco, em 2013, o CD Mundão de Ouro. Esse foi apenas o terceiro registro solo da sua carreira de centenas de sambas. Antes, havia lançado somente Sonho de Malandro (1973) e Humanenochum (2000). O músico que completaria 99 anos, em novembro de 2020, preparava um novo disco pela Natura Musical, cujo nome era “Se Deus quiser eu vou chegar aos 100”.

Extremamente irreverente, talentoso e ativo, Riachão sempre acompanhava a Mudança do Garcia, manifestação artística e política do bairro do Garcia. Do alto de sua sacada, o músico acenou para a multidão que passava e chamava por seu nome, como lembra Jandira Mawasi, pedagoga.

“Não dá para falar de Riachão sem lembrar da alegria e das mãos dele nos saudando passando pelo Garcia em sua varanda, como aconteceu no último Carnaval. Essa é a última lembrança que tenho desse jovem senhor. Cada macaco no seu galho, perdemos a alegria do samba. A passagem de Riachão nos deixa com com uma tristeza em saber que não veremos mais o sorriso dele passeando pela cidade, mas nos dá também a certeza que seu tempo aqui foi de sabedoria e alegria encantando e cantando para toda a cidade. Perdemos sua voz, sua poesia em canção, mas ganhamos um anjo ancestral”, comenta Jandira.

Autor de clássicos como “Cada Macaco no Seu Galho”, regravada por Gilberto Gil, e “Vá Morar com o Diabo”, regravada por Cássia Eller, Riachão esbanjava alegria por onde passava. Apesar da idade, o cantor era considerado saudável e ativo pelos familiares.

Em 2001, O cantor e compositor foi tema de um documentário. Com o nome “Samba Riachão”, a vida e a obra do artista popular foi contada pelo diretor Jorge Alfredo. Já no cinema, Riachão interpretou ele próprio em “A Grande Feira”, de 1961, dirigido por Roberto Pires. O músico chegou a compôr mais de 500 canções.

Riachão será enterrado ainda na tarde desta segunda-feira (30),
às 16h, no cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador. O velório terá duração máxima de 2 horas e, na hora do enterro, não haverá controle do número de pessoas. O único pedido da família é que todos respeitem uma distância de um metro e evite contato físico, para dificultar o contágio da Covid-19 (coronavírus).

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