Ministério público investiga influenciadora que classificou racismo como ‘instinto de defesa’

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Após ter publicado em seu perfil no Instagram mensagens racistas, a influenciadora Luísa Nunes Brasil é investigada pelo Ministério Público (MP) de São Paulo. Em vídeo comentando as manifestações do Black Lives Matter, a loira, que conta com mais de 50 mil seguidores, reforçou estereótipos que criminalizam a população negra.

Na vídeo, publicado nove dias após o assassinato de George Floyd nos EUA, Luísa diz que o preconceito racial seria “algo natural, um instinto de defesa” e que sempre existiria “enquanto a maioria dos crimes for causada pela população negra”.

 “Se você está num parque à noite, escuro, e você vê uma pessoa andando e essa pessoa é negra e ela tem os trejeitos de uma pessoa que parece ser um criminoso você vai ficar com mais medo do que se você visse uma pessoa branca de terno e gravata. Isso é natural do ser humano”, disse a loira no vídeo.

O promotor Eduardo Ferreira Valerio, da área de Direitos Humanos do MP paulista, determinou a instauração do procedimento sobre Luísa no último dia 21 de julho. A apuração é uma resposta a um pedido apresentado por um grupo de advogados negros no mês passado. Assinaram a solicitação enviada ao MP: Nauê Bernardo Pinheiro de Azevedo, Asaph Correa e Teles e Carlos Augusto de Souza Santos. Também foram signatários o influenciador Levi Kaique, cuja atuação online é voltada para a causa negra e a igualdade racial, e o servidor público Thallis Luiz Souza Ramos, que também faz publicações sobre o tema.

Em entrevista ao Jornal de Brasília o advogado Nauê Bernardo explicou que a investigação tem caráter cível e aborda os possíveis danos sociais causados pelos vídeos.: “Os danos sociais são quando a pessoa provoca algo que atinge a sociedade como um todo ou uma parte relevante. No momento em que essa moça faz essas colocações em relação as pessoas negras, ela está afetando, no mínimo, 50% da população brasileira”.

Mesmo após sair das redes sociais, devido a repercussão das falas racistas, Luisa disse, em um e-book publicado no início do mês, não ter se arrependido das declarações. A loira passou a utilizar perfis menores para atender pessoas que a contratam como consultora para assuntos como modo de vida e relacionamentos.

“A minha opinião, manifestada naquele dia, não mudou: O nosso pré-julgamento ou preconceito de alguma coisa ou pessoa é algo natural, e isso, é na verdade, exatamente o que os movimentos legítimos contra o racismo buscam explicar e combater. Não é natural no sentido de ser desejável [nem aceitável!] e, muito menos no sentido de já nascermos com ele. [O óbvio também precisa ser dito]. É natural no sentido de acontecer sem intenção. Pensar que o racismo é sempre intencional é infantilidade. Pensar que o racismo deve ser aceito é um absurdo, além de ser um crime. Mas o fato é que ele existe“, registra o livro.

Vinte dias depois do ocorrido, no entanto, ela reativou a página e hoje a administra de maneira privada, permitindo acesso ao conteúdo apenas a quem é seu seguidor.

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