Mesmo sofrendo impactos da Pandemia, circos sociais ajudam comunidades no RJ

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Circos sociais promovem ações que visam diminuir os impactos da pandemia da Covid-19 para a população

Distribuição de cestas básicas durante ação da Quarentena Sem Fome – Baixada l Reprodução/Instagram

Como todo o Setor Cultural, a pandemia do novo Coronavírus também impactou a atividade dos circos. Segundo dados da pesquisa “Percepção dos impactos da covid-19 nos setores Cultural e Criativo do Brasil”, houve uma queda significativa da renda do setor em 2020: 48,8% dos agentes culturais perderam 100% da receita entre maio e julho. O levantamento também mostrou que os profissionais mais afetados entre os que perderam o total de suas receitas nesse período foram os que trabalham com circo (77%), casas de espetáculo (73%) e teatro (70%).

Apesar do momento ser difícil, os circos “Crescer e Viver” e “Se Essa Rua Fosse Minha” (SER) continuaram fazendo a diferença em suas comunidades. O SER se reinventou, reduziu o público atendido e tomou todos os cuidados seguindo os protocolos de saúde. O presidente, Walter Mesquita, conta que nesse período, com redução de educandos, eles trabalharam no processo de formação da “Trupe Malungos”. “Ela é formada por 10 jovens de comunidades de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A trupe conseguiu criar o espetáculo ‘Antrópicos’ que reflete sobre as ações humanas com a natureza”, pontua. A estreia aconteceu no último sábado (27), Dia Nacional do Circo.

Em maio do ano passado, com o objetivo de amenizar os impactos gerados pela pandemia do novo coronavírus, o SER criou a campanha Quarentena Sem Fome Baixada, com o apoio de instituições. A ação comunitária arrecadou e distribuiu cestas de alimentos, kits de higiene pessoal e limpeza para as famílias da região.

Foto: Getty Images

Já o Circo Crescer e Viver também realiza ações comunitárias fundamentais que expressam a força do ecossistema territorial. A assistente social do Projeto, Fabyane Soares, conta que o público imediato são os alunos e suas famílias, porém existe uma relação de apoio à comunidade. Nascida, criada e moradora do Complexo São Carlos, no Rio de Janeiro, Fabyane cita a responsabilidade social e o compromisso que o circo tem para com as regiões do entorno. “Ter uma comunidade mais próspera, mais vibrante é, na realidade, uma retomada do que o circo é na sua essência. Historicamente, ele mudava o território em que chegava, agitava os moradores e o comércio local. A gente não quer perder essa essência tão importante da nossa linguagem, a gente quer mudar e chacoalhar”, conta a assistente social.

O Circo Crescer e Viver tem se mobilizado para fortalecer a comunidade. A Páscoa dos Vizinhos é uma dessas ações, a partir das redes de apoio do projeto, que distribui ovos de chocolate para as crianças. Já o Nosso Território Protegido conta com o apoio de instituições privadas. A iniciativa, que começou em 2020, já investiu 1,2 milhão de reais e apoia diretamente 2.968 famílias do território. “Uma das nossas ações era a distribuição de um cartão-alimentação para cada família do território e pretendemos retomá-la para continuar estimulando o consumo do comércio local, a fim de realmente proteger o território da comunidade e seus moradores nesse período delicado”, explica Soares.

Até o fechamento dessa edição, de acordo com a última atualização do levantamento feito pelo Painel Unificador Covid-19 nas Favelas, foram registrados 34.173 casos confirmados de coronavírus e 3.606 mortes decorrentes da doença nas favelas do estado do Rio de Janeiro. Esses números superam as estatísticas até mesmo de países inteiros como a Austrália, com 29. 296 casos e 909 óbitos.

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