Levantamento mostra que os casos de racismo aumentaram no futebol mundial

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Kick It Out é uma entidade de inclusão e igualdade racial no futebol europeu – Foto: Craig Milner

Um estudo feito pela Kick It Out, organização de inclusão e igualdade racial do futebol inglês, aponta que os casos de racismo dentro do futebol europeu aumentaram em 53%, na temporada 2019-2020. Já os casos de homofobia tiveram 282 registros, consolidando um aumento foi 95%, em relação à temporada anterior.

A Kick It Out, em parceria com YouGov, entrevistou mil pessoas e os dados mostram que 30% ouviram ou testemunharam gritos racistas em uma partida de futebol, entre os meses de janeiro de 2019 e dezembro de 2019. Já 71% das pessoas ouvidas, relataram ter visto comentários racistas nas redes sociais direcionado aos jogadores de futebol. A pesquisa ainda mostra que 51% testemunharam racismo direcionado a torcedores.  

“Este ano, a pandemia e a morte de George Floyd virou o mundo de ponta-cabeça. O futebol respondeu positivamente com os clubes aumentando seu trabalho na comunidade e com os jogadores simbolizando a demanda por maior igualdade de oportunidades. Mas, por baixo da superfície, o ódio e a divisão na sociedade continuam sendo uma ameaça”, diz Sanjay Bhandari, presidente da Kick It Out.  

Ele ainda ressalta que, para combater o ódio online, todos precisam fazer mais. “Precisamos trabalhar juntos em toda a sociedade para vencer esta batalha. Com a pausa da temporada de futebol no início deste ano, devido à Covid-19, vemos pessoas usando as redes sociais para transmitir mensagens de ódio, especialmente quando não podem assistir aos jogos. O futebol e as mídias sociais podem ser uma força positiva, mas para combater o ódio online, todos precisam fazer mais”, comentou.  

Futebol brasileiro

Trazendo esses dados para o nosso país, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol registrou, no ano de 2019, recorde nos últimos seis anos e, segundo o levantamento, ao todo, foram 56 casos de injúria racial. Dados preliminares da instituição revelam que de janeiro a agosto de 2020 foram registrados 15 casos de preconceito, sendo ele de gênero, racial ou religioso. Ainda de acordo com o Observatório, cinco desses casos foram registrados somente no mês de julho, assim que as competições voltaram a acontecer no país.  

Marcelo Carvalho, fundador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, relatou que foram registrados casos com o Remo, Paysandu, Marinho jogador do Santos e no Rio Grande do Sul um caso onde colocaram no sistema de som cânticos racistas. “O que a gente vem trabalhando é mais na conscientização de torcedores e jogadores da necessidade de denunciar e de entrar com processo contra as pessoas que cometeram esses casos racistas, homofóbicos, xenofóbicos.

Marcelo carvalho ressaltou a importância da responsabilização nos casos de racismo – Foto: Divulgação

Responsabilização

Para Marcelo Carvalho, a falta de punição dos crimes de racismo ou injúria racial faz com que outras pessoas repitam o ato. “É preciso que essas pessoas sejam responsabilizadas. E para que isso aconteça, os jogadores que sofreram os insultos, os clubes, precisam seguir com o processo na justiça. Não basta uma primeira denúncia. É preciso que esses clubes também trabalhem essa questão de conscientização”, enfatiza Marcelo em entrevista ao Roma News 

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