Levantamento da FGV mostra que aumentou o número de jovens que não estudam nem trabalham

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Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a população entre 15 e 29 anos que não estuda e nem trabalha, conhecidos como “nem-nem”, aumentou significativamente nos últimos anos. 

O nível de jovens “nem-nem” vem aumentando desde 2019 – -Foto: Divulgação

Segundo o levantamento, as comunidades consideradas minorias no país foram as mais atingidas. O estudo da FGV revela que quase 67% dos jovens “nem-nem” são mulheres, pessoas negras e sem instrução. Já no ano de 2019, esse número chegou a 62%, sendo as mais impactadas com a diminuição do acesso a trabalho e estudo. A pesquisa também mostra que, no segundo trimestre de 2020, auge da pandemia, o nível de pessoas “nem-nem” chegou a 29,33%, recorde histórico para o período desde a série iniciada em 2012. 

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Para a cientista política, Juliana Silva, a pandemia agravou um quadro que já era considerado preocupante. “As pessoas estão ficando mais desempregadas, os índices de desempregos chegaram a 14%, e as pessoas não têm dinheiro para custear os estudos. As escolas a distância, muitas pessoas não conseguem acompanhar, não tem internet. Então, acaba se tendo evasão escolar e o desemprego e a população mais atingida é a população negra, de periferia”, alerta. 

Juliana ressalta ainda que a melhor saída para essa crise são as políticas sociais que, segundo ela, estão acabando. “O FIES cada vez menor, o Prouni, a gente não vê. São opções para a população negra voltar a estudar e estamos vendo retrocessos nas políticas sociais.O governo deveria trabalhar políticas afirmativas para sanar esse problema econômico”, afirma. 

Auxílio

Além disso, a cientista política o auxílio emergencial com valor condizente. “O auxílio emergencial deveria permanecer durante todo o período da pandemia com valor condizente, uma vez que os valores da cesta básica aumentaram significativamente. Ao mesmo tempo, precisamos de políticas públicas para aumentar o nível de empregos no país”, ressalta. Juliana ressalta ainda que com os índices de desemprego como atualmente, a melhor saída para a população negra ainda é a educação pública de qualidade. “Essa é a melhor opção de acesso gratuito ao conhecimento. Quem está desempregado, não tem como pagar os estudos em uma instituição privada. Então, a melhor alternativa é a educação pública, mas estamos exatamente na contramão disso, com cortes de recursos e risco de fechamento de universidades públicas”, finaliza.

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