Jornalista lança documentário sobre Abolição no Brasil

A jornalista e pesquisadora Luciana Barreto estuda há quase uma década as questões raciais no Brasil. Ela estreia como roteirista do documentário “A Última Abolição”, que lançado no mês passado e que está em cartaz em diferentes cinemas pelo Brasil. O filme faz uma pesquisa abrangente desde os primeiros movimentos abolicionistas no século XVIII até as recentes políticas de ações afirmativas. Uma oportunidade para que todos os brasileiros possam refletir sobre essa recente história brasileira, no mês em que se celebra a Consciência Negra. Confira o nosso bate papo com a Luciana Barreto:

Jornalista e pesquisadora Luciana Barreto estreia como roteirista do documentário “A Última Abolição”.

Notícia Preta: O longa é apresentado a partir da ótica de pesquisadores sobre o tema. Como foi construída a narrativa do filme?

Luciana Barreto: O filme conta a história do início dos movimentos abolicionistas no Brasil, como os negros já se articulavam naquela época como, por exemplo, os escravos que já haviam comprado a liberdade de diversas maneiras antes mesmo da libertação em 13 de Maio. Naquele momento, mulheres negras que trabalhavam como quituteiras compravam a liberdade de meninas para assim libertar o ventre e não ter mais escravos.

Notícia Preta: Do que trata do documentário?

Luciana Barreto: O filme não vai falar só até o movimento abolicionista, mas muito mais do período após abolição no Brasil. A nossa intenção é falar sobre o que acontece no país com esse processo da abolição, da forma que ele foi feito e o que é o resquício disso no Brasil de hoje.

NP: Então o filme aborda a história não oficial do período abolicionista no Brasil, certo?

Luciana Barreto: Sempre houve um movimento de resistência que a história oficial não conta nas escolas. A gente costuma dizer que o filme traz na narrativa o protagonismo dos negros e dos movimentos de resistência.

NP: Você acredita que o filme pode contribuir para uma educação antirracista?

Luciana Barreto: Uma frase muito famosa da Ângela Davis, ativista americana, é que “não basta ser não racista, precisa ser antirracista”.  A Lei 10.639, por exemplo, promoveu muitas possibilidades de ensino da cultura afro e indígena nas escolas, mas nós precisamos de um pacto da sociedade brasileira para avançar para além disso. Não basta apenas promover uma educação melhor para o Brasil, mas é necessário entender que essa luta não deve ser só do movimento negro e sim de toda a sociedade.

NP: Como vê a contribuição do filme para o atual momento político que vive o Brasil?

Luciana Barreto: Eu acho que cada vez mais precisamos discutir essa temática racial no Brasil. Essa discussão não pode sair da pauta. Quando a gente conseguir trabalhar isso de uma forma sincera entre todos os brasileiros e alcançar todos os meios de comunicação será possível um diálogo que consiga apaziguar essa tensão racial que existe no país e que traz números muito difíceis para o brasileiro.

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