Instituto do Negro de Alagoas realiza série de debates para combater racismo

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Pesquisadores Sandra Sena, Gustavo Bezerra e Isabella Barbosa no 1° dia de debate. Foto: Jéssica Conceição


Por Brunna Moraes

O Instituto do Negro de Alagoas (INEG) vem realizando, desde o início desse mês, o 1º ciclo de debates sobre negritudes, memórias e lutas contemporâneas em Alagoas. O evento começou no último dia 10 e no próximo sábado (31), a partir das 9h00, será o encerramento desse primeiro fase de encontros. O evento será no auditório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), localizado na Rua Sá e Albuquerque, 157, no bairro do Jaraguá, em Maceió.

Batizado de ‘Cabeça Preta’, o evento tem o objetivo de destacar pesquisadores negros e produções acadêmicas que tratem sobre as questões raciais no Estado. Cada sábado traz um tema de discussão, onde os próprios estudiosos apresentam suas pesquisas e abrem um debate sobre a questão racial.

Pesquisadores Sandra Sena, Gustavo Bezerra e Isabella Barbosa no 1° dia de debate. Foto: Jéssica Conceição

Segundo o coordenador do INEG, Jeferson Santos, a iniciativa busca atualizar o debate sobre a população negra e suas realizações em Alagoas. “É de fundamental importância mostrar à sociedade alagoana as novas abordagens e problematizações dos assuntos referentes àquela população, de forma a desconstruir a sua tradicional folclorização por parte da classe letrada alagoana”, defendeu ele. 

Além de apresentar novos debates, o Cabeça Preta almeja divulgar e compartilhar as produções que vêm sendo realizadas por negros e negras alagoanas. “Tal tarefa constitui processo importante para compreensão da população negra na atualidade e para se pensar e instituir políticas públicas de promoção socioeconômica desta população”, destacou ele.

Os dois primeiros sábados trouxeram como tema: “Memórias e Negritudes em Alagoas”, “Vigilância aos Corpos Negros e Racismo Institucional e suas Táticas na Segurança Pública”. O terceiro sábado de encontro trouxe a  discussão sobre “Educação, Relações Étnico-Raciais e Políticas Afirmativas em Alagoas”. Para o último dia do ciclo, está previsto o debate sobre “Gênero, Performances, Representações e as Lutas dos Corpos Negros nas Cidades”. 

Para o estudante de Pedagogia e participante do evento, Matheus Ivan, a realização do Cabeça Preta é um incentivo para a continuidade da produção de conhecimento a partir de pessoas negras: “Eu penso que a importância do Cabeça Preta é principalmente mostrar que é possível seguir outro caminho, que dá pra produzir conhecimento preto dentro da Universidade e, principalmente, incentivar outros pesquisadores negros que estão começando”. 

Segundo o doutorando em Ciências Sociais, Sérgio Santos, o evento se mostra importante por focar na visibilidade do estudioso negro. “Historicamente nós sempre fomos os objetos e agora nós temos a possibilidade de produzir conhecimento. Mesmo assim, muitas dessas produções ficam guardadas, consideradas pela academia como algo de menos valor”, destacou ele. 

Ainda conforme o pesquisador convidado do evento, é necessário haver produções, realizadas por pessoas negras, sobre as questões raciais para introduzir uma discussão em outra perspectiva. “A gente está num cenário de disputa muito intensa na Universidade e nas várias áreas de conhecimento, precisamos fazer o debate a partir de uma perspectiva negra, mas somos impossibilitados por não estarmos nesses espaços de poder”, analisou. 

O Cabeça Preta segue com sua programação no último sábado de agosto, com a apresentação de mais duas pesquisas referentes às questões raciais e seus desdobramentos em Alagoas. O evento é gratuito e aberto para toda população. 

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