Grupos étnicos nigerianos querem ser reconhecidos por Israel como judeus

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Barukh Ben Avraham lê a Torá durante seu Bar Mitsvah — Foto: BBC

Uma pequena comunidade nigeriana afirma ter ascendência judaica que remete a centenas de anos, mas Israel não os reconhece. Os igbos formam um dos grupos étnicos dominantes da Nigéria, originário do sudeste do país.

Muitos igbos acreditam ter herança judaica, como sendo uma das chamadas dez tribos perdidas de Israel, embora a maioria não pratique a religião. Eles compõem menos de 0,1% dos estimados 35 milhões de igbos.

Acredita-se que essas tribos tenham desaparecido depois de terem sido detidas, e seus integrantes feitos prisioneiros, quando o reino israelita foi conquistado no século 8 a.C. — a comunidade judaica da Etiópia, por exemplo, é reconhecida como uma delas.

Costumes dos igbo, como a circuncisão masculina, velar os mortos por sete dias, celebrar a Lua Nova e conduzir cerimônias de casamento sob uma tenda reforçaram sua crença a respeito da herança judaica.

Diferentemente dos pais, a maioria dos jovens judeus da Nigéria não conheceram outra religião — Foto: BBC

‘Sem provas’

Chidi Ugwu, um antropólogo igbo da Universidade da Nigéria, em Enugu, diz que a identificação com o judaísmo emergiu apenas depois da guerra civil de Biafra. Os igbos lutavam pela independência da Nigéria, mas foram derrotados em um conflito brutal, entre 1967 e 1970.

Algumas pessoas, segundo Ugwu, “estavam procurando por um impulso emocional a que se agarrar”, então começaram a fazer a conexão judaica.

Eles se veem como um grupo perseguido, como os judeus se viram ao longo da história, especialmente durante o Holocausto.

“É um insulto chamar os igbos de tribo perdida de qualquer um, não existe evidência histórica ou arqueológica que sustente isso”

afirmou Ugwu à BBC

Alguns dizem que a crença de que os igbos têm herança judaica surgiu após sua derrota na guerra civil na qual mais de um milhão morreram — Foto: Getty/BBC

Ele argumenta que, como existem evidências sugerindo que os igbos estavam entre aqueles que emigraram do Egito milhares de anos atrás, pode ser que os judeus tenham adotado costumes igbos enquanto estavam em território egípcio.

Há muitos anos, houve um esforço polêmico para tentar provar uma ligação genética, mas um exame de DNA não encontrou nenhuma conexão judaica no grupo.

O rabino Eliezer Simcha Weisz, presidente do Departamento de Assuntos Estrangeiros do Conselho do Rabinato de Israel — o órgão que determina a veracidade de alegações de ascendência judaica — também não tem dúvidas sobre a ausência de conexão.

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“Eles alegam ser um dos descendentes de Gad, um dos filhos do nosso ancestral Jacob — mas eles não conseguem provar que seus avós eram judeus”, disse ele à BBC. “E sobre os costumes dos quais eles falam, você pode encontrar pessoas pelo mundo todo que têm práticas judaicas.”

Ele disse que, a não ser que os judeus nigerianos se convertam ao judaísmo — um processo que envolve vários rituais e a presença diante de uma corte judaica (o que não existe na Nigéria) —, eles não podem ser reconhecidos.

A sinagoga de Gihon, considerada a mais antiga da Nigéria, foi fundada nos anos 1980 por Ovadai Avichai e dois outros amigos que haviam sido criados como cristãos.

A sinagoga de Gihon, em Abuja, hoje tem uma mistura de diferentes grupos étnicos entre as mais de 40 famílias que frequentam o local.

Fonte: BBC

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