”Fui ‘questionado’, no credenciamento de um jogo, se era o câmera ou auxiliar, mesmo sendo o único repórter com a roupa de transmissão”, diz o jornalista Luiz Teixeira

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O jornalista Luiz Teixeira, repórter da TV Globo e do Sportv, publicou em suas redes sociais que foi vítima de racismo enquanto trabalhava, na última terça-feira (24), no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas-SP. Antes de a bola rolar para Guarani e Operário, durante o credenciamento da imprensa, o jornalista conta que foi ‘questionado’ se era o câmera ou auxiliar, mesmo sendo o único repórter de campo e com a roupa da transmissão.

”Duas horas e meia antes de a bola rolar para Guarani e Operário-PR, pela 21ª rodada da Série B, nem meu RG, nem meu crachá da TV Globo, nem meu nome na lista de credencial como repórter (o único da partida no gramado), nem meu uniforme de transmissão do SporTV e nem minha carteirinha da ACEESP (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo) foram suficientes para eu “andar livremente. Assim como já aconteceu em outras situações, dentro e fora da vida profissional, fui “confundido”, declarou o jornalista num artigo escrito no site do Globoesporte.

No artigo, o repórter contou também como é ser o único homem negro em alguns espaços.

”Não quero romantizar dores e nem relembrar tristezas maiores, mas ser o único homem negro da sala da faculdade de Jornalismo, em um dos bairros mais ricos da cidade, aos 17 anos de idade e graças a um programa de financiamento estudantil, me fez enxergar a realidade da estrutura racista da nossa sociedade logo na minha iniciação universitária. Antes disso tudo parecia “coincidência”.

”Uma coisa é você ser convidado para sentar à mesa. A outra é como vão te tratar a partir do momento em que você está naquela mesa. Você vai falar do mesmo assunto? Será convidado para comer a mesma comida? E a sobremesa, vão te dar esse direito? Ou tudo isso faz parte do “Tokenismo”, o famoso “tenho até amigo negro”? Dizer “eu não sou racista” faz parte do discurso, mas e a prática?”, questiona no artigo.

No fim da publicação, Luiz Teixeira propõe uma reflexão: ”não quero aqui cobrar que sintam a minha dor. Apenas pensem o quão dolorido é viver diariamente na mira de algo invisível, ameaçador e que mata. E mais, sem poder dar um grito sequer”.

Luiz Teixeira durante cobertura esportiva pela TV Globo. Foto: acervo pessoal



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