Um estudante do 7º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Castelo Branco, em Uberaba (MG), foi vítima de racismo por um colega de turma, segundo a família da criança de 12 anos. Eles revelam que as palavras “macaco” e “negro” foram escritas no caderno da vítima na última semana, e que procuraram a polícia para denunciar o caso como injúria racial.
Ao G1, a advogada da família, Ivanda Cruz, afirmou que as ofensas racistas não aconteceram apenas no caderno da vítima. O colega de turma chamou o aluno de “macaco” e “preto” e imitou gestos do animal, como os punhos fechados batendo ao peito. O suspeito teria pegado uma tinta preta e dito à vítima que precisaria de uma tinta daquela cor por causa do colega.
A criança ficou nervosa com a ofensa e reagiu chamando-o de “orelhudo”. Naquele momento, o professor o repreendeu e, segundo a família, o docente não havia presenciado as ofensas proferidas anteriormente à vítima.

Após essa situação, a criança encontrou seu caderno rabiscado com as ofensas racistas. A advogada informou que a vítima já vinha sofrendo discriminações em outros momentos no ambiente escolar. Ao portal, a advogada, que participa do caso junto ao Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial (Compir), disse que ele “já vinha sofrendo há um tempo, mas limitava a reclamar com os professores, que até então nada haviam feito. Por último, aconteceu isso”.
A Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) afirmou em nota enviada ao Notícia Preta, que a escola já tomou todas as providências necessárias, como a convocação dos pais dos alunos junto do Núcleo de Acolhimento Educacional (NAE). Segundo a instituição, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) compareceu ao local na ocasião e registrou um Boletim de Ocorrência.
“Até o momento, a unidade escolar alega estar apurando os fatos. Enquanto representante da família, estou buscando junto à escola a realização de palestras para conscientização dos alunos e minimizar o impacto, uma vez que a família do menor não quer tirá-lo da escola, pois ele gosta da unidade escolar. Mas, ao mesmo tempo, quer que melhore para todos os alunos”, concluiu a advogada ao G1.
Em nota a instituição afirma que já vêm realizando palestras e oficinas educativas na unidade com foco no combate ao bullying e ao racismo, e que “repudia qualquer forma de discriminação racial, étnico-racial, preconceito ou racismo“.
A Polícia Civil informou que está apurando os fatos infracionais análogos aos crimes de bullying e injúria racial. No entanto, o caso segue em sigilo, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
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