“Eu só estava indo para casa”, diz influenciador negro é abordado por PM’s

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Em suas redes sociais, Júlio de Sá lamentou o ocorrido e registrou um boletim de ocorrência.

Durante uma live, o influenciador Júlio de Sá denunciou que sofreu uma abordagem policial que teve motivação racista, no Rio de Janeiro. Nas imagens, o rapaz filmou o momento em que foi parado logo após ter saído de uma loja. Caso foi registrado como um crime de preconceito.

Júlio na 5ª DP (Gomes Freire) — Foto: Henrique Coelho/G1 RJ

A abordagem aconteceu na última quarta-feira (17). Nas imagens, Júlio conta, visivelmente nervoso, como aconteceu o incidente na presença dos militares. “Ele chegou até mim, do nada, eu tô andando normal e eu tô saindo de dentro da loja”. Um dos agentes o interrompe e questiona o que ele tinha na cintura e se era um celular. O rapaz responde irritado: “Eu não tinha nada na cintura! Quer que eu mostre? Eu não estou vendo você abordar mais ninguém”.

Durante todo o vídeo, o rapaz é questionado se ele estava bêbado e motivo de estar tão alterado. Um pouco mais ao final, Júlio se emociona e lamenta o momento. “Eu só estava saindo da loja e indo para casa”, comenta limpando as lágrimas. Nas redes sociais, internautas se sensibilizaram.

“O racismo e o abuso de poder nessa situação foi tão absurdo que um dos policiais afirma que o abordou porque ele entrou e saiu da loja rapidamente. Como se isso fosse uma atitude suspeita”, comentou um deles.

De acordo com informações obtidas pelo G1, o delegado Bruno Gilaberte, titular da 5ª DP (Centro), disse que os agentes serão chamados para prestar depoimento. “Vou verificar ainda todos que estavam na ocorrência, e vamos chamar um a um. Só depois de ouvi-los é que vamos ter um panorama mais preciso sobre o que ocorreu”, afirmou.

Em justificativa, a assessoria do programa Segurança Presente, responsáveis pela abordagem, explicou que ‘os policias suspeitaram de um rapaz que demostrou insatisfação com a aproximação policial’.

“As abordagens não são pautadas por cor da pele, orientação sexual, religiosa, de gênero ou qualquer fator pessoal, mas a partir de denúncias ou comportamentos que podem representar algum risco à coletividade”, comentou também.

Segundo o coordenador-executivo do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), Joel Luiz Costa, Júlio de Sá prestou depoimento, nesta sexta-feira (19) e foi aberto procedimento para investigar a possível infração dos policiais. “Paralelamente a isso, mais importante frisar que, independente da responsabilização individual do policial que cometeu a atitude racista, não é isso que vai nos mover. O que nos move é mudar efetivamente a estrutura e não apenas responsabilizar um peão em cima do tabuleiro. Por isso, mais importante que avancar com esse procedimento criminal, é utilizá-lo para fomentar o debate político em face do racismo, da seletividade das polícias no Rio de janeiro, do direcionamento racial da atuação das polícias do Rio de Janeiro e tbm do enfrentamento do sistema de justiça criminal que seleciona nossos corpos e, contra a gente, fecha os olhos“, enfatiza.

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