“Eu não vou vender uma camisa a R$ 9,90 e pagar um salário de miséria a uma mulher que poderia ser minha mãe” diz Emicida

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Quase 24h depois da entrevista ao Roda Viva, as declarações de Emicida repercutem na internet

Emicida é um dos nomes por trás da marca Labfantasma. Foto: Daryan Dornelles

Na noite da última segunda-feira (27), o rapper Emicida foi o entrevistado do programa Roda Viva. O Programa da TV Cultura, que tradicionalmente entrevista personalidades de destaque na sociedade, segue desde então como um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Emicida chamou atenção para reflexões sobre política, o racismo estrutural, institucional e o ciclo do capitalismo, trazendo a importância de valorizar a mão de obra e o trabalho de pessoas negras.

A apresentadora Vera Magalhães informou ao músico que existiam críticas de internautas sobre o preço dos produtos da marca Lab Fantasma. “Um moletom da Laboratório Fantasma é muito caro?”, repassou a pergunta. Em resposta, Emicida se posiciona afirmando que conhece a cadeia produtiva em que trabalha e sabe o quanto ganha uma costureira.

“Eu não vou vender uma camisa a R$ 9,90 e pagar um salário de miséria a uma mulher que poderia ser minha mãe. Quem tem que se questionar sobre o preço das coisas que vende são pessoas que conduzem essa cadeia de uma forma irresponsável, que mantém pessoas em um sistema de produção que são análogos a escravidão. A gente não se relaciona com isso. Todas as pessoas que se vincula com a Laboratório Fantasma, seja em qualquer função, essas pessoas usufruem dessa conquista e é por isso que no nosso desfile de moda as costureiras estão lá na primeira fila chorando, emocionada porque elas nunca tinham experimentado costurar uma roupa e poder assistir aquilo ser lançado junto com os jornalistas chiques, junto com os críticos de moda f*****, junto com os empresários, junto com os artistas, isso é uma conquista coletiva. Então essa critica não chega a me ofender”, afirmou Emicida.

Emicida ainda aponta para o racismo que cerca a afirmação de que o produto de empresários negros está caro, pois é sobre a posição daquele corpo no sistema capitalista.

“Quando eu ganho o prêmio de Homem do ano [Men of the Yea] da GQ aí eu vou de terno em uma festa de gala e os MBL da vida sai espalhando que o Emicida está usando um terno de 15 mil reais e todo mundo acha que isso é uma grande contradição o Emicida está usando uma roupa chique em um evento chique e ninguém consegue perceber o quão racista é dizer uma coisa como essa. ”

Confira esse trecho da entrevista com Leandro Roque de Oliveira, Emicida:

Assim como na entrevista com o Professor Doutor Silvio de Almeida, o programa chamou atenção também pela quantidade de entrevistadores negros. Internautas clamaram que mesmo quando o entrevistado seja uma pessoa não-branca, que o programa adotasse esse cuidado. A entrevista completa pode ser vista no canal do Youtube do programa.

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