Estudante indígena do pré-vestibular popular ‘Só cria’, da favela da Rocinha, ingressa na faculdade

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Kore Ywa estudante pré-vestibular Só Cria, da favela da Rocinha


Kore Ywa

“Meus heróis não viraram estátua, lutaram contra quem virou”. Esta frase pertencente ao filme “Uma história de amor e fúria” resume o grande feito conquistado pelo Pré Vestibular Popular “Só Cria” na Rocinha que acaba de ter como primeira aprovação para uma universidade pública, uma estudante indígena no curso de Educação do Campo (UFRRJ).

Kore Ywa (também conhecida como Noemia) pertence à nação Canela, originária do estado do Maranhão. Seu maior sonho nestes últimos anos era ingressar numa graduação que destinasse uma formação voltada aos estudos indígenas para que pudesse contribuir futuramente com a identidade e memória de seu povo.

Há exatos quatro meses, brotava do chão da maior favela da América Latina, o sonho da construção de um projeto popular que proporcionasse a muitos moradores da Rocinha, o acesso a universidade pública. Os critérios de seleção foram formulados por uma equipe de jovens educadores que destinaram como prioridade de sua escolha, estudantes pertencentes a grupos minoritários (negros, indígenas, LGBTs, deficientes ou que possuíssem menores rendas familiares).

Este projeto pedagógico teve também como prerrogativa central da sua coordenação, o engajamento de estudantes e educadores com as lutas dos movimentos sociais, sendo idealizado pelo Movimenta Rocinha e pelas Brigadas Populares. Kore deseja ingressar na universidade pública para retornar os conhecimentos acadêmicos adquiridos a luta do seu povo.

O pré Vestibular “Só Cria” lançou-se na vanguarda do modelo de educação popular, ao agregar como centralidade de sua proposta pedagógica, a junção da luta do povo favelado e a dos povos originários no combate a: discriminações étnicas, cerceamento do direito à educação e epistemicídio acadêmico promovido pelas universidades.

O samba enredo ganhador deste ano da Mangueira tinha como um dos seus versos a frase “Desde mil e quinhentos tem mais invasão do que descobrimento”. Que reparações históricas e narrativas dos reais personagens do nosso país possam ser recontadas a partir de ações inspiradoras como a construção popular do Pré Vestibular “Só Cria”. Da favela para aldeia. Da aldeia para a universidade.

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