Especial das Eleições: Entrevista com Orlando Silva, candidato à prefeitura de São Paulo

Orlando-Silva.jpg
Orlando Silva é candidato do PCdoB à Prefeitura de São Paulo – Foto: Arquivo Pessoal

No próximo domingo (15) serão decididos os prefeitos e vereadores dos 5.570 municípios brasileiros, pelos próximos quatro anos. Pela primeira vez na história, as candidaturas negras têm o mesmo espaço e verbas destinadas às suas campanhas, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), e o NP Dados – Núcleo de Jornalismo de dados do Notícia Preta – fez um levantamento das candidaturas negras às prefeituras das principais capitais do país, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo e uma série de entrevistas foram realizadas com os (as) candidatos (as) aos executivos municipais. As entrevistas seguiram o mesmo critério de perguntas para todos.Dando sequência ao quadro especial das eleições, o Notícia Preta conversou com Orlando Silva, candidato à prefeitura de São Paulo pelo PCdoB. Natural de Salvador (BA), hoje cumpre o seu segundo mandato como deputado federal. A sua trajetória na Câmara dos Deputados foi marcada por ter sido autor dos dois Projetos de Lei (PL) que reconhecem Luiz Gama como Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil e relator da Lei de Migração e da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Orlando Silva já foi ministro do Esporte no governo Lula, vereador de São Paulo nas eleições de 2012 e o primeiro presidente negro da história da União Nacional dos Estudantes, a UNE.

Confira a entrevista que Orlando Silva concedeu ao Notícia Preta!

Notícia Preta: Qual a maior dificuldade que uma candidatura preta enfrenta no Brasil?

Enfrentar a sub-representação dos negros e negras na política brasileira é um desafio. O racismo estrutural do nosso país é uma tecnologia de dominação que incide sobre vários planos: cultural e simbólico, econômico e político. No plano político o racismo se manifesta na baixa influência na estrutura partidária e financiamento. Agora, com o financiamento eleitoral público servindo aos interesses públicos, teremos mais financiamento para candidaturas negras, mas isso não basta. Precisamos de mais negros e negras em espaço de poder de movimentos sociais e de toda sociedade.

Notícia Preta: A pandemia veio e evidenciou ainda mais as desigualdades no país, como a prefeitura pode superar esse momento, uma vez que a arrecadação caiu drasticamente. E quais ações podem minimizar essas diferenças?

O orçamento de São Paulo para o ano que vem, mesmo com redução, é bem grande. Precisamos cortar privilégios e priorizar quem mais precisa. A Prefeitura deve investir em atividades que geram empregos e aquecem a economia para ampliar a arrecadação. Retomar obras públicas, reformar escolas e postos de saúde; construir casas, fazer corredores de ônibus e criar frentes de trabalho, sobretudo para os jovens. Tudo isso movimenta a economia da cidade e gera receita para ser investida – prioritariamente – nas regiões com o IDH mais baixo.

Notícia Preta: Existe um abismo entre a educação pública e privada, qual a proposta para tentar amenizar essa distância entre os universos públicos e privados quando se fala em educação?

São Paulo tem uma boa rede municipal de educação pública, mas os desafios são gigantescos. Nossos indicadores educacionais não são coerentes com a magnitude da cidade. Pelo contrário. A pandemia de COVID-19 agravou as deficiências e desigualdades da educação pública do município. Se a avaliação incluir instituições privadas, as contradições são ainda maiores. Para fazer frente à nova realidade imposta, precisaremos tomar medidas excepcionais para recuperar minimamente a defasagem escolar de 2020. Precisaremos de um plano de reforço escolar e um movimento amplo de capacitação e valorização dos professores.

Notícia Preta: A crise econômica causada pelo coronavírus afetou o grupo mais pobre da população do Estado. Caso seja eleito, o que será feito para aumentar a renda dessas pessoas?

A minha luta é para garantir direitos para o povo. Sou candidato a prefeito porque acredito ser necessário um projeto popular e antirracista que inclua o povo pobre e garanta seus direitos. Na Câmara, como Deputado Federal, eu trabalhei para construir e aprovar o auxílio emergencial federal tal qual ele foi implementado e que significou um grande alívio para muitos trabalhadores brasileiros. Como prefeito eu pretendo fazer um plano emergencial para geração de emprego e renda na cidade. Retomando obras públicas, criando frentes de trabalho sobretudo para ocupar jovens, garantindo crédito barato para cooperativas nas periferias e estimulando o financiamento de pequenos negócios através de microcrédito.

Deixe uma resposta

scroll to top