Empresas lideradas por negros sofrem mais na pandemia, aponta pesquisa

Empresas lideradas por negros

Empresas lideradas por negros sofrem mais durante a pandemia

Levantamento revela que 76% dos entrevistados pretos e pardos relataram redução nos lucros

62% dos empreendedores negros que tiveram o crédito negado – Foto: Nappy

Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que empresas lideradas por negros sofrem mais durante a pandemia da Covid-19. Entre pretos e pardos, 46% dos empresários têm dificuldade para manter seu empreendimento. O levantamento foi realizado com mais de 6 mil pessoas dos 26 Estados e do Distrito Federal. A pesquisa também mostra que 91% das empresas lideradas por negros não conseguiram contratar novos empregados durante a pandemia. Apenas 37% não demitiram funcionários nos últimos 30 dias.

A pesquisa aponta ainda que negros foram os que mais solicitaram empréstimos aos bancos, mas os que menos tiveram os pedidos aprovados. Desde o começo da crise, 51% dos entrevistados solicitaram o auxílio bancário. Entre os empreendedores negros, 62% tiveram o pedido negado.

A chef de cozinha e dona dos restaurantes “Poderosa na Chapa” e “Poder Vegano”, Mechelle Gonzaga conta que a pandemia mudou completamente os processos da sua empresa. Ela precisou demitir os sete funcionários da empresa que, antes, participava de eventos no centro do Rio de Janeiro (RJ). “Sete funcionários trabalhavam com a gente, até que veio a pandemia e a primeira coisa que acabou foram os eventos. Foi quando começou a ficar muito difícil”, conta. “Tentamos empréstimos e não conseguimos nenhum. Recebemos o auxílio [emergencial federal], o que ajudou por um tempo, mas o valor foi caindo e o preço das coisas foi aumentando”, diz Gonzaga.

 Chefe de Cozinha e dona dos restaurantes “Poderosa na Chapa” e “Poder Vegano”, Mechelle Gonzaga. Foto: Anette Alencar

“A pandemia mudou a minha empresa 100%”

Desde março deste ano, a chef de cozinha percebeu que os pratos veganos do seu restaurante tinham melhor faturamento do que os pratos com carne de origem animal. Com a ajuda de colegas e parceiros, Mechelle criou a “Poder Vegano” e viu no mercado uma saída. 

A pesquisa do Sebrae mostra que Gonzaga não faz parte da regra, mas de uma exceção. No levantamento, apenas 36% dos negros (somatório de pretos e pardos) entrevistados conseguiram lançar novos produtos durante a crise.

Segundo Mechelle, a empresa até contratou um funcionário, mas não conseguiu manter. Em janeiro deste ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país atingia a marca de 14,3 milhões de desempregados. “A pandemia mudou tudo, mudou minha empresa 100%. Eu trabalhava com comidas com carne e, hoje, na minha cozinha não entra nada de origem animal, não entra leite, não ovo, não entra nada, nada de origem animal”, explica.

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