“Ele me chamava pelo nome da empregada”: diz Viola Davis sobre um diretor de cinema

getty-images-foto-Daniele-Venturelli-viola-davis.webp

A atriz, Viola Davis, revelou já ter sido chamada pelo nome de uma empregada do lar durante as gravações de uma obra. Durante um painel, no 75° festival de cinema de Cannes, a artista revelou que, um diretor que a conhecia há 10 anos, só a chamava de Louise e, mais tarde, descobriu que era o nome da mulher que trabalhava na sua casa.

Viola expõe racismo de diretor – Foto: Daniele Venturelli/Getty Images

Segundo Davis, que hoje tem 56 anos de idade, o ato aconteceu há quase 26 anos e sempre acontecem. “Mas o que você precisa perceber é que essas microagressões acontecem o tempo todo”, informou a atriz norte americana. Nesta edição do festival de Cannes, Viola será homenageada com o prêmio “Women In Motion” (Mulheres em Movimento), devido a “seu talento, trabalho duro, escolha de papéis e a maneira como ela os interpreta lhe renderam os mais altos reconhecimentos da indústria cinematográfica”.

No painel, a artista disse que no, início de sua carreira, foi rejeitada inúmeras vezes de papéis devido à raça ou o diretor da produção não a achava “bonita o suficiente”. Esses motivos sempre a deixavam com raiva e partiam o seu coração. 

“Muito disso é baseado na raça. Realmente é. Sejamos honestos. Se eu tivesse as mesmas características e fosse cinco tons mais claro, seria um pouco diferente. E se eu tivesse cabelos loiros, olhos azuis e até nariz largo, seria também diferente. Poderíamos falar sobre colorismo, poderíamos falar sobre raça. Isso me irrita e partiu meu coração – em vários projetos, que não vou citar”, informou a atriz que é vencedora de um Globo de Ouro, um BAFTA, quatro SAG Awards, dois Tony Awards, um Oscar e um Emmy.

Por meio de sua produtora, JuVee Productions, fundada com Julius Tennon, seu marido, Viola está tentando expandir o escopo das histórias contadas pela grande indústria cinematográfica. Para Davis, por mais que tenha ganhado diversos prêmios, a cor de sua pele é levada em consideração na escalação de obras, algo que limita a quantidade de papéis oferecidos a ela. E mesmo com o sucesso de “How To Get Away With Murder”, a série não contribuiu para o aumento de pessoas negras em posições de destaque nas produções.

Leia também: Anielle Franco participa da “Resenha da Carol”, sobre empreendedorismo feminino

“Sei que desde quando saí de How to Get Away With Murder não vejo muitas mulheres de pele escura em papéis principais na TV e nem mesmo em serviços de streaming. Se eu quisesse interpretar uma mãe cuja família mora em um bairro de baixa renda e meu filho é membro de uma gangue que morreu em um carro, eu poderia fazer isso. Mas se eu quisesse interpretar uma mulher à procura de se reinventar, voando para Nice e dormindo com cinco homens, aos 56 anos, teria dificuldades de conseguir o projeto, mesmo sendo Viola Davis”, finalizou a artista.

Pierre Lescure e Thierry Frambux, presidente e diretor-executivo do Festival de Cannes, respectivamente, vão entregar o prêmio a Viola Davis durante um jantar em Cannes, marcado para 22 de maio. 

0 Replies to ““Ele me chamava pelo nome da empregada”: diz Viola Davis sobre um diretor de cinema”

Deixe uma resposta

scroll to top