“Dois rapazes pretos não podem andar numa moto?” diz mãe de um dos jovens mortos após abordagem de PMs no Rio

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Foram enterrados nesta segunda-feira (14), no Cemitério Municipal Belford Roxo (RJ), os corpos dos jovens encontrados mortos após após serem baleados em uma ação policial registrada em vídeo, na madrugada de sábado (12), na Baixada Fluminense.

Nas imagens é possível ver o camelô Edson Arguinez Júnior, de 20 anos, e seu amigo Jhordan Luiz Natividade, estudante de 17 anos, passando de moto quando um policial atira em direção aos rapazes e eles caem.

Um PM dá um chute nas costas de um deles. Logo depois, um carro branco que estava parado atrás do da polícia deixa o local. Um policial leva um dos jovens para o outro lado da rua. O outro se arrasta para o mesmo lugar. Os PMs ficam minutos ali. Um deles desaparece da imagem.

Edson e Jhordan

Outra câmera mostra o momento em que Edson e Jhordan são algemados e levados pelos policiais. Os rapazes foram encontrados mortos em outro local, distante do ponto onde foi feita a abordagem.

No enterro do filho a dona de casa Renata Santos de Oliveira, de 40 anos, disse que “é uma revolta, indignação, tristeza, um conjunto de sentimentos” ter que passar por essa situação. 

Eu estou fazendo (hoje) uma coisa que eu não desejo para ninguém, que é enterrar o meu filho. Os assassinos não deram chance para o meu filho. Não deram chance de um filho meu estar comigo hoje. Por quê? A troco de que ele fez isso com o meu filho?— disse Renata, que é mãe de outros três filhos

O rosto de Dinho, como Edson é conhecido entre os amigos, estava estampado na camisa usada por amigos e parentes presentes no enterro.

Covardia o que fizeram contigo… Covardia dos ‘polícia’“, dizia Edson debruçado sobre o caixão do filho.

“Ele e o amigo foram covardemente assasinados. Aquelas imagens foram cruciais para mostrar a barbárie que fizeram com eles. Eu quero dizer que a justiça tem que ser feita. Eles têm que ser condenados e expulsos da corporação. Dois rapazes pretos não podem andar numa moto? Alguém viu o meu filho fazendo algo errado? Eles foram covardemente assassinados. Coloco a minha cara para que outros filhos não sejam os próximos amanhã. Temos que denunciar e a justiça tem que prevalecer”, disse a mãe de Júnior.

A Polícia Civil espera o exame nos corpos dos rapazes para saber a quantidade de tiros que atingiu cada um e qual foi o calibre utilizado. As armas dos PMs estão apreendidas e nos próximos dias passarão por um exame de balística para comprar as perfurações encontradas nos corpos. 

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