Discriminação Étnico- Racial é o tema do Parlamento Jovem de 2019

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Por Fernanda Souza

A Assembleia Legislativa de Minas recebeu, na última sexta feira (20), mais uma edição do Parlamento Jovem. O programa tem o intuito de envolver estudantes do ensino médio a participar do processo de formação democrática e política.

Antes de efetivamente poderem participar dessas discussões e propor ideias, durante sete meses, os alunos ficaram imersos ao tema, cercados de informações que foram adquiridas através de oficinas, debates, palestras com especialistas e visitas a instituições ligadas ao tema.


Estudantes participam das atividades da manhã do Parlamento Jovem de Minas 2019 – Foto: Sarah Torres/ALMG

Thainara Santos Rosa, estudante da cidade de Itabira, comenta que para ela este assunto engloba grupos que foram marginalizados e questões sociais pouco debatidas. “Quando falamos de discriminação étnico racial, falamos de como isso afeta a nossa vida hoje e como a população negra, indígena e cigana tem sido esquecida em relação a políticas públicas”, diz.

A adolescente acredita que o tema do projeto deste ano fez com que ela se sentisse ligada de forma mais consciente aos movimentos e aos quilombos da cidade que mora. “Isso me fez enxergar essa realidade com outros olhos, ainda mais por ser negra e ser algo tão presente na minha vida e realidade”, alertou.

A estudante observou ainda que a luta negra nas escolas não é retratada com o negro sendo o protagonista, porém, no projeto, a história foi exposta com o negro como personagem principal.

Segundo Leandra Martins, coordenadora estadual do Parlamento, o tema em questão ganhou mais destaque durante o projeto. “A temática ganha centralidade, não tem outro conteúdo para concorrer com ele, o projeto propicia formação temática e política aos jovens que dele participam”, ressaltou.

A coordenadora explica que a abordagem do tema é variável, de acordo com a autonomia de cada município. “Eles [os municípios] recebem as orientações e têm autonomia para desenvolver o assunto da forma que achar melhor”, informou.

Foto: Sarah Torres/ALMG

Resultado

Com duração de quase seis horas, foram aprovadas 16 propostas divididas em três subtemas: desigualdades socioeconômicas, violências por motivo étnico-racial e direito às identidades e à diversidade cultural.

Ao longo da última plenária, os estudantes iam ao microfone com argumentos e conhecimento tanto favoráveis ou contrários as propostas debatidas. “O envolvimento dos jovens foi grande, eles tiveram a oportunidade de fazer pesquisa e conhecer de perto a realidade da comunidade. Eles tiveram a chance de ver a política como algo necessário e aprenderam com a participação no processo”, comenta Leandra Martins.

Propostas

Saber lidar com a empatia também é um ponto positivo neste projeto. Os alunos votam e defendem propostas que não faz parte da realidade de alguns. Uma das propostas aprovadas em plenária e que deixou a estudante Sara Isabelle Olympio Soares, de Ubá, satisfeita foi a de permissão de visitas religiosas para pessoas de religião de matriz africana, afro-brasileira e de origens orientais em hospitais e prisões. “O mais gratificante de participar do parlamento é aprender a defender uma realidade que não é a sua, eu mesma sou evangélica, e defendo essa proposta, todos devem ter os mesmos direto que eu”, comentou

O documento final foi entregue à Comissão de Participação Popular, as sugestões são transformadas em propostas de ações legislativas que, se acolhidas, podem originar requerimento, projeto de lei ou emenda a projeto de lei.

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