Diretor-geral da OMS denuncia ataques racistas e ameaças de morte que está recebendo durante a pandemia do novo coronavírus

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Tedros Adhanom desabafou sobre ataques racistas e até ameaças de morte que está recebendo em redes sociais – Foto: Salvatore Di Nolfi/Keystone/AP

Nesta quarta-feira (8), durante coletiva de imprensa, o diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde) Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus desabafou sobre ataques racistas e até ameaças de morte que está sofrendo em redes sociais enquanto conduz esforços globais para combater a pandemia do novo coronavírus.

“Posso dizer-lhe de ataques pessoais que estão ocorrendo há mais de dois ou três meses – abusos ou comentários racistas, dando-me nomes: preto ou negro. Pela primeira vez eu torno isso público. Há até ameaças de morte “, disse ele.

O diretor-geral da OMS afirmou que prefere se concentrar em salvar vidas, mas que se incomodou com os ataques à comunidade negra e à África.

“Quando toda a comunidade negra for insultada, quando a África for insultada, então eu não tolero, então digo que as pessoas estão cruzando a linha. Não podemos tolerar isso, mas como não tenho nenhum complexo de inferioridade, quando sou pessoalmente afetado ou atacado por insultos raciais, não me importo porque sou uma pessoa preta ou negra muito orgulhosa”, afirmou Adhanom.

O legado da mentalidade colonial deve acabar”
Tedros Adhanom

Tedros Adhanom é etíope e está no terceiro ano de um mandato de cinco anos à frente da OMS. É o primeiro diretor-geral africano nos 72 anos de história da organização.

Na segunda-feira (6), durante uma outra coletiva, ele havia se posicionado em relação à sugestão de médicos franceses de testes para combate ao coronavírus serem realizados na África. Dr. Tedros descartou completamente a possiblidade e afirmou que “o legado da mentalidade colonial deve acabar”.

Ainda nesta semana, no Brasil, uma postagem de um veículo de comunicação viralizou nas redes sociais por tentar questionar o título de doutor de Tedros Adhanom, equivocadamente, “por ele não ser médico”. Entretanto, o título é dado a todos que tenham concluído um doutorado. Dr. Tedros é formado em biologia, tem mestrado em imunologia de doenças infecciosas da Universidade de Londres, e fez doutorado em saúde comunitária na Universidade de Nottingham, também no Reino Unido.

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