Desemprego deve aumentar em 2021, aponta pesquisa

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Diante deste novo cenário, a população negra é a mais afetada

Taxa de desempregos de negros foi 71% maior que de pessoas brancas em 2020 – Foto: EBC

O mercado de trabalho brasileiro vem sendo cada vez mais afetado pelo agravamento da pandemia do covid-19, neste cenário, a população negra é a mais afetada, pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020, informam que a taxa de desemprego do ano foi 71,2% maior entre negros na comparação com brancos. 

Segundo Luiz Fernando Ferreira, coordenador de Comunicação da EmpregueAfro, no ano de 2020, os setores mais atingidos pela crise foram aqueles com o maior número de trabalhadores negros, como o comércio, construção civil e trabalhos informais, fazendo com que o desemprego entre negros se tornasse ainda mais frequente no país. “A Síntese de Indicadores Sociais mostra que 47,4% dos trabalhadores informais são negros,  que o comércio é composto por 45,2% de funcionários negros e a construção civil conta 63,9% de mão de obra negra”, afirma.

A população negra é a que mais apresenta trabalhos informais, segundo o levantamento – Foto: Getty Images

Mulheres e o mercado

O grupo das mulheres negras também enfrentam maiores desafios empregatícios durante a pandemia, o IBGE indica que 63% das famílias no Brasil são chefiadas por mulheres negras com filhos de até 14 anos. Em números, 7,8 milhões de pessoas vivem em casas chefiadas por mulheres negras e estão abaixo da linha da pobreza. A junção do desemprego e da necessidade faz com que mulheres negras atuem em trabalhos domésticos, muitas vezes em condições vulneráveis para sustentarem suas famílias.

As dificuldades financeiras não atingem apenas negros assalariados, a população negra também enfrenta desafios nos negócios. Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), indica que 50% das microempresas de pessoas negras, necessitam de atendimento físico, o que não é possível durante o isolamento social e faz com que o faturamento dessas empresas diminuam ou zerem, fechando as portas dos pequenos negócios da população negra. “A perda de postos de trabalhos, é uma dificuldade recorrente para a população negra, desde antes da pandemia, a qual só fez com que esses episódeos aumentassem, negros também precisam lidar com as dificuldades de inserção no mercado de trabalho, são os sofrem mais impedimentos para a ascensão profissional”, diz Luiz Fernando.

Um levantamento do Instituto Ethos, indica que negros representam apenas 6,3% nos cargos de gerência e 4,7% no quadro excecutivo das empresas do Brasil, o que faz negros migrarem cada vez mais para empregos informais, atividades doméstica, comércio e construção civil.

As dificuldades não param por aí, no início de 2021, com o agravamento da pandemia do coronavírus, o Brasil fechou o primeiro trimestre do ano com uma taxa de 14,2% de desempregados, o que, em números, representa 14,3 milhões de brasileiros, e classifica o país na 22ª colocação em um ranking com 100 países. Já o levantamento da Austin Rating – agência classificadora de riscos – projeta que até o final do ano de 2021 a taxa de desemprego do Brasil chegue a 14,5% e o país alcance a 14ª posição no ranking, essa expectativa de piora se dá devido ao lento esquema de vacinação da população brasileira.

Taxas de desemprego

O IBGE indica que os estados que vem apresentando maiores taxas de desemprego durante a pandemia são: Bahia (19,8%), Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e Rio de Janeiro (17,4%), e reforça que estes são os estados com maior número de habitantes pardos e negros.

“Todas as dificuldades que a população negra encontra para se inserir e manter-se no mercado de trabalho, são resultado das desigualdades raciais, uma herança da exclusão social histórica da população negra, que ainda nos dias de hoje dão espaço para as desigualdades continuarem operando de forma sutil e eficiente pra a exclusão do profissional negro do mercado de trabalho, o levando para postos de empregos subalternos”, finaliza.

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