Deputadas denunciam racismo na Assembleia Legislativa de Pernambuco

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Foto: Mayara Santana

Na manhã da terça-feira (16), uma assessora negra do grupo Juntas, que coletivamente assume um cargo de deputada estadual, foi impedida de entrar na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Em nota oficial, as mulheres eleitas no ano passado com mais de 39 mil votos, informaram que sua assessora de imprensa iria cobrir uma reunião ordinária da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres, no plenário quando foi abordada de forma agressiva por um policial da casa.

Foto: Mayara Santana

“Ele a questionou sobre a motivação da sua presença. A profissional trabalha há quase três meses no espaço e estava segurando uma câmara fotográfica, identificando com clareza a função que exerceria no espaço. Três mulheres, duas delas Codeputadas, foram chamadas pela assessora para confrontar a abordagem da segurança da casa e também foram alvo de comentários machistas e racistas”, afirma a nota.

A nota reitera que não é a primeira vez que um caso de racismo e machismo acontece com algum membro do mandato coletivo Juntas.

”É a segunda conversa sobre o tema em menos de um mês. O nome disso é racismo institucional, que se manifesta em práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano e que sempre colocam pessoas negras em situação de desvantagem em espaços públicos e privados, nas relações institucionais e políticas. Não aceitaremos a naturalização da violência que pressupõe perfis adequados para estar numa casa parlamentar, que é a casa povo”.

Ainda de acordo com a nota, outros parlamentares já sofreram racismo na Assembleia Legislativa de Pernambuco

“Não é um caso isolado. Deputadas estaduais negras como Mônica Francisco e Dani Monteiro (PSOL/RJ) foram barradas em espaços da assembleia local, assim como as deputadas federais Talíria Petrone (PSOL/RJ) e Áurea Carolina (PSOL/MG), no Congresso Nacional. Como forma de iniciar uma mudança cultural, as Juntas vão propor um treinamento sobre o respeito e diversidade racial a servidores, o que Mônica Francisco nomeia de “Instrução contra o racismo institucional”. Não é possível calar e invisibilizar as violências. As Juntas foram eleitas para mover as estruturas’, complementa a nota.

A Mandata das Juntas, que é formada por 70% de mulheres e 50% de pessoas negras, afirma que tem sido foco frequente de abordagens machistas e racistas.

”São comentários sobre as roupas, sobre os cabelos, perguntas grosseiras sobre se trabalham ou não na Casa, entre outras formas de assédio moral e discriminação que não acontecem com outras pessoas que trabalham no mesmo espaço. A mandata é feminista e periférica, com forte presença de pessoas negras, em diversas funções. A diversidade da equipe representa vários segmentos da sociedade que são discriminados todos os dias por sua classe, sua cor, seu gênero”, conclui.

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