Cotistas que não foram considerados negros ou pardos pela UFPE questionam avaliação racial da universidade

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Estudantes que se autodeclaram pretos e pardos Foto: Marina Meireles/G1

Um grupo de 188 estudantes entrou com recurso por discordar do sistema de avaliação das cotas raciais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que não os considerou como negros ou pardos. Pela primeira vez, a UFPE adotou uma avaliação prévia antes da matrícula dos cotistas. Foram desclassificadas 280 pessoas.

Uma vez desclassificados, os candidatos autodeclarados como negros ou pardos não podem se matricular na instituição. Nesta terça-feira (12), pais e estudantes que se sentiram prejudicados pela avaliação manifestaram em frente à reitoria da instituição cobrando explicações.

Os estudantes das costas raciais foram avaliados por 11 comissões formadas por meio de edital público e integradas por professores, alunos, técnicos e membros da sociedade civil.

Estudantes que se autodeclaram pretos e pardos Foto: Marina Meireles/G1

Em entrevista ao portal G1, o estudante Pedro Wanderley, aprovado em medicina pelo sistema de cotas, mostrou uma declaração de nascido vivo onde consta a cor parda. Na avaliação presencial feita pela universidade o jovem de 18 anos foi desclassificado e pede esclarecimentos sobre o critério de avaliação.

“Foi bem frustrante. Eu já havia passado [no vestibular] e três pessoas me disseram que eu não sou digno de entrar na universidade porque eu não tenho a cor que eu sempre achei que tinha. Outras pessoas, mais claras do que eu, passaram na minha modalidade”, diz Wanderley.

Pedro Wanderley mostra a declaração de nascido vivo em que consta a cor parda – Foto: Marina Meireles/G1

O pró-reitor de assuntos acadêmicos da UFPE, Paulo Góes, explica que o procedimento é adotado em mais de dez universidades federais, mas essa foi a primeira vez que o processo foi realizado na Federal de Pernambuco. Na primeira comissão, os estudantes foram filmados ao dizerem o próprio nome e assinarem uma autodeclaração racial.

“O critério utilizado para avaliar os estudantes é de características fenotípicas, ou seja, da cor da pele e da influência do meio ambiente no candidato”, conta o pró-reitor.

Os 188 candidatos autodeclarados negros ou pardos entraram com recursos e serão reavaliados. Eles passarão pelo mesmo procedimento adotado anteriormente, mas por uma comissão diferente. “É importante dizer que a universidade busca garantir os direitos de quem tem os direitos”, afirma Paulo Góes.

As reavaliações dos 188 candidatos devem ocorrer nos dias 21 e 22 de fevereiro, no Corpo Discente do Campus Recife da universidade, Zona Oeste do Recife.

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