Chacina do Jacarezinho: sobe para 28 o número de mortos, segundo polícia

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Policiais retiram corpo da cena do crime Foto: Agência O globo

Foi atualizado para 28 o número de pessoas assassinadas na chacina do Jacarezinho, resultado de operação da Polícia Civil do Rio, nesta quinta-feira (06).

As duas “novas vítimas” foram contabilizadas somente nesta sexta, pois, segundo a polícia, faleceram dentro dos hospitais para onde foram levadas. O massacre do Jacarezinho entra para a história como o dia com mais mortes decorrentes de intervenções policiais desde 2007, segundo levantamento do GLOBO/EXTRA. Em 15 de outubro do ano passado, houve 25 vítimas, mas durante oito operações diferentes na mesma data.

A Polícia Civil sequer divulgou os nomes das pessoas mortas mas disse, sem prova alguma, que era todos suspeitos. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez o trabalho da polícia e divulgou uma lista com os nomes das 15 primeiras vítimas identificadas da Chacina do Jacarezinho. O mais jovem era um rapaz de 18 anos. Todos os executados pela polícia eram homens, e dez deles tinham entre 18 e 30 anos. 

Moradores do Jacarezinho realizaram dois protestos contra a operação, na porta da Cidade da Polícia e dentro da comunidade, nesta sexta-feira. Desde ontem, moradores denunciam, em vídeos publicados em redes sociais e em relatos à Defensoria Pública, que suspeitos foram executados durante a operação policial na comunidade.

Para defensores públicos, além das denúncias, fotos compartilhadas em redes sociais e também tiradas por fotojornalistas demonstram que a polícia “desfez” a cena de crimes. Para eles, mais um indicativo de que houve execuções de suspeitos – sem chance de rendição.

“Tudo bandido”, diz Mourão sobre chacina no Jacarezinho

Sem prova alguma, o vice-presidente Hamilton Mourão declarou, ao ser questionado sobre a chacina do Jacarezinho, que “bandidos” foram mortos na incursão da Polícia Civil fluminense na favela e disse que o Rio sofre com “narcoguerrilhas”.

“Tudo bandido. Entra um policial numa operação normal, leva um tiro na cabeça de cima de uma laje”, disse Mourão quando indagado por um repórter sobre a operação ao ouvir o jornalista afirmar que o caso estava sendo tratado como um “massacre”.

“Lamentavelmente, essas quadrilhas do narcotráfico são verdadeiras narcoguerrilhas, têm controle sobre determinadas áreas e é um problema da cidade do Rio de Janeiro que já levou várias vezes que as Forças Armadas fossem chamadas a intervir. É um problema sério da cidade do Rio de Janeiro que nós vamos ter que resolver um dia ou outro”, acrescentou o vice-presidente a jornalistas, em Brasília.

Casa invadida no Jacarezinho

Ministério Público investiga ação arbitrária da polícia

O Ministério Público do Rio (MPRJ) está investigando as circunstâncias das mortes e, através da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, instaurou procedimento para apurar se houve violações a direitos durante a operação policial. O MPRJ ainda acompanhou as perícias nos corpos com um médico perito da instituição dentro do IML.

Os promotores de Justiça integrantes da Coordenadoria-Geral de Segurança Pública, do GTT – Segurança Pública e da Coordenadoria-Geral de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana estão acolhendo relatos e recebeu imagens e vídeos da operação de associações e da população. O MPRJ disponibiliza um canal, para quem quiser colaborar com denúncias, informações e registros audiovisuais pelo número (21) 2215-7003, que também funciona no whatsapp. O sigilo é garantido

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