Candidato a vereador em SP, marido de Bela Gil se declara negro: “É uma percepção minha”

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O empresário João Paulo Demasi está concorrendo a uma vaga de vereador em São Paulo pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberade). Até aí, tudo certo. A controvérsia está em seu cadastro eleitoral: JP, como é conhecido, se declara como preto.

João Paulo Demasi com a esposa, Bela Gil (Foto: Gianne Carvalho)

O fenótipo – cor da pele, cabelo, boca, nariz – não condiz com a autodeclaração. Entretanto, Demasi, que é casado com a apresentadora Bela Gil desde 2003, afirma que esses traços não definem sua identidade.

“Não é meu nariz, minha boca, meu cabelo que me identificam. Isso tem que mudar até pela educação. A identidade é uma percepção minha, não sua. Minha mãe é negra baiana. Eu era o menino preto numa escola de brancos. Eu sofri. Vi minha mãe chorar e chorei pela minha mãe. Ouço ‘só podia ser preto’ desde os 12 anos. Me identifico preto desde criança”, argumentou, em entrevista à Folha de São Paulo, em setembro deste ano.

Após a determinação de divisão proporcional de recursos eleitorais para candidaturas de pessoas negras e pessoas brancas, o perfil dos candidatos sofreu mudanças: 40% deixaram de se declarar brancos e passaram a se ver como pretos ou pardos em 2020. Demasi, no entanto, afirma que sua autodeclaração nada tem a ver com a nova decisão.

6 Replies to “Candidato a vereador em SP, marido de Bela Gil se declara negro: “É uma percepção minha””

  1. Eu mesmo disse:

    Engraçado esse movimento, sou mais escuro que esse cara, sou pardo do nariz chato e cabelo duro mas a banca avaliadora de cotas da universidade composta por militantes não me considerou negro ou pardo suficiente…mas quando é pra ganhar fundo eleitoral vcs consideram esse branco negro né? É muita cara de pau…

    1. Igor Rocha disse:

      Querido, duas considerações a fazer: 1º nós somos um jornal antirracista e reportamos uma informação, não estamos julgando ninguém. Esperamos que nossos leitores tirem suas conclusões.
      2º seu cabelo não é duro, ele pode ser crespo, enrolado ou coisa do tipo, mas “duro”, não, blz?

  2. Cesar disse:

    Eu não entendi: a matéria é uma denúncia ou uma passada de pano?
    Não soa como crítica.

    1. Igor Rocha disse:

      Bom dia, César. Somos um jornal antirracista, temos como função informar o que tem acontecido e cabe a vocês, leitores, tirarem essa conclusão. Só noticiamos o que aconteceu. Abraços!

  3. João Paulo Demasi . CARA DE PAU, O QUE O SEU SOGRO NEGRPO E SUA MULHER ACHAM DESSE PATIFARIA CARA DE PAU……

  4. Chico disse:

    Eu enho 41 anos, sou branco, nascido na região central de SP, filho de pai nordestino operário branco e mãe de origem indígena (com bisavós maternos ainda tribais); ambos meus pais semialfabetizados (estudaram até a 4a série). Pois bem, cresci atrás de uma escola de samba tradicional em SP, O Camisa Verde E Branco. Minha mãe foi costureira da presidente da escola; cresci ouvindo ensaios da escola e adoro o universo em torno das escolas de samba. Meu pai ganhou uma bolsa de estudos num colégio particular no Bairro da Casa Verde, onde 99,9% dos alunos eram brancos de classe média. Isso nos anos 80. Um dia, numa aula qualquer, comentei em sala de aula que eu gostava muito de carnaval, escola de samba, que torcia pro Camisa e a partir daí comecei a sofrer bullying racista por um bom tempo, por parte dos coleguinhas de sala que nos intervalos, imitavam macacos quando eu passava e proveitaram para associar o meu gosto musical inclusive ao meu cabelo crespo e nariz arredondado. Pois bem, sofri, minha mãe sofreu junto e patatipatatá, mas nem na época, enquanto criança, eu me considerava negro por gostar de carnaval, e o cabelo crespo e nariz arredondado.Claro que cada ser humano é um universo de possibilidades, pensamentos e sensações, mas sei lá, assumir a identidade negra porquê na escola, lá no passado sofreu racismo de rebote e não entender realmente o que houve, depois de adulto, parece-me algo bem complicado de sustentar. De toda forma, é um tema que dá pano pra manga intelectual, especialmente se a mãe dele realmente for negra. E claro, nunca pode-se descartar também, o oportunismo. Será que um cara como ele, realmente sente-se um adulto negro ou é apenas uma memória infantil mal trabalhada?

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