Brasil: 7,2 milhões de jovens pretos ou pardos, entre 14 e 29 anos, não concluíram o ensino médio

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Pesquisa aponta que a desigualdade na educação se acentua na adolescência, quando o abandono escolar é absurdamente maior entre os jovens negros – algo que se reflete no mercado de trabalho, onde pretos têm os menores salários; analfabetismo também é maior entre pretos e pardos.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou uma realidade alarmante sobre a educação e a desigualdade no Brasil: 70% dos mais de 10,1 milhões de jovens entre 14 e 29 anos, que não concluíram o ensino médio, são pretos ou pardos. A PNAD Educação 2019 apontou que a maior desigualdade na escolarização dos brasileiros está na adolescência, a partir dos 15 anos, quando os jovens deixam de frequentar as aulas.

Segundo a pesquisa, metade dos rapazes que abandonaram a escola precisava trabalhar; e entre as adolescentes, quase um quarto (23,8%) evadiram por ter engravidado. Os números deixam claro o problema da perpetuação do racismo estrutural no Brasil, já que o atraso escolar dos jovens negros tem reflexo na vida adulta, no mercado de trabalho, onde pretos têm menores salários.

Analfabetismo entre negros tem números alarmantes (Foto: USP Imagens/Divulgação/CP)

Até a faixa dos 10 anos de idade, brancos e negros tinham uma taxa de frequência escolar muito parecida, em torno de 96%, segundo a pesquisa. As diferenças começam a aparecer entre os estudantes entre 11 e 14 anos, em que a taxa de frequência na escola era de 90,4% para brancos e 85,8% para pretos e pardos. Quando a pesquisa enquadra alunos entre 15 e 17 anos, idade regular do ensino médio, os números despencam. A taxa ajustada de frequência escolar líquida foi de 79,6% para os brancos e de 66,7% entre os pretos ou pardos.

O estudo também mostra que a população branca tem quase dois anos de estudo a mais que a população negra: em média, 8,6 anos de estudos para pretos e pardos, e 10,4 anos de estudos para a população branca. Entre os que concluíram o ensino básico obrigatório em 2019, apenas 41,8% dos adultos pretos ou pardos acima de 25 anos “chegaram lá”, contra uma fatia de 57% da população branca na mesma faixa etária.

Analfabetismo é maior entre pretos

A PNAD Educação 2019 também dá conta da taxa de analfabetismo no país, que recua ainda lentamente (em 2019 desceu apenas 6,6%). Segundo os dados, o Brasil tem 11 milhões de analfabetos, isto é, pessoas acima dos 15 anos de idade sem aprender a ler ou escrever. Destes, cerca de 76% era de cor preta ou parda, o que evidencia que o analfabetismo é uma questão de raça no Brasil.

E também é uma questão de faixa etária. Entre os analfabetos no país, a grande maioria é de o idosos. Na faixa dos 60 anos, a taxa de analfabetismo foi de 18% em 2019, três vezes mais que em comparação à população jovem. E esse número aumenta em quase 10% entre os idosos pretos ou pardos: 27,1%.

Por fim, a pesquisa aponta que quase seis em cada dez analfabetos no país moram no Nordeste. A taxa de analfabetismo por lá (13,9%) é mais que o dobro da taxa nacional: 6,6%.

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