Após ter filmado caseiro acorrentado, médico é indiciado por racismo em Goiás 

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Após ter gravado um vídeo com um caseiro negro acorrentado pelos pés, mãos e pescoço em uma fazenda na cidade de Goiás, o médico Márcio Antônio Souza Júnior foi indiciado por racismo, nesta segunda-feira (14). Na ocasião, o médico disse que tudo não passava de uma encenação entre os dois. O delegado Joaquim Adorno, responsável pelo caso, disse que a conduta do médico foi de “racismo recreativo”. “Tem que reforçar que não é porque foi uma ‘brincadeira’, que não é crime”, disse o investigador ao G1. 

O médico Márcio Antônio Souza Júnior e o jovem acorrentado. Foto: Reprodução Redes Sociais

Ainda de acordo com o delegado, o indiciado responde em liberdade e não cabe prisão no momento. Caso seja condenado, o médico poderá cumprir pena de dois a cinco anos de prisão pelo crime. O caso ganhou repercussão após o vídeo gravado mostrar o funcionário acorrentado enquanto o médico dizia: “Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala”. 

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A prefeitura da cidade divulgou uma nota dizendo que o ato causava “repulsa”. Depois disso, o médico gravou um novo vídeo ao lado do funcionário dizendo que “não havia nada de escravidão e que as pessoas estavam enchendo o saco.” Com a visibilidade da situação, o médico chegou a argumentar que não teve a intenção de magoar, irritar ou fazer apologia à escravidão. 

“Olá, em relação à peça fictícia que eu e meu amigo fizemos, gostaria de deixar bem claro que a gente fez o roteiro juntos, a quatro mãos. Foi como se fosse um filme. Foi uma zoeira. Não teve intenção nenhuma de magoar, de irritar ou nenhuma apologia a nada. Gostaria de deixar bem claro: ele é meu amigo e gostaria de pedir desculpas, se alguém se sentiu ofendido. Mas foi uma encenação teatral. Desculpe”, diz o médico no vídeo explicativo publicado nas redes sociais. 

O reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e defensor dos direitos da população negra, José Vicente, disse que o ato não pode ser encarado como uma “brincadeira“. “Não pode se brincar, não é uma brincadeira devida, nem apropriada, e ela menos ainda serve como uma justificativa de retirar seja responsabilidade, seja culpabilidade, seja civil, penal ou criminal ou mesmo social em um fato concreto como esse.” 

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