Após pressão popular, prefeito de Duque de Caxias desiste de construir creche em terreno sagrado para o Candomblé

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Joãozinho da Goméia

Após pressão de movimentos sociais, o prefeito do município de Duque de Caxias (RJ), Washington Reis (MDB), anunciou ter desistido construir a creche “Pequeno Guerreiro”, uma referência a passagem bíblica de David e Golias, no terreno que pertenceu ao Babalorixá Joãozinho da Goméia.

João Alves Torres Filho nasceu em 1914, no interior da Bahia. e anos depois chegou ao Rio de Janeiro, mais precisamente em Duque de Caxias Caxias, na Baixada Fluminense, se tornando um dos pioneiros do candomblé na região. Recebia em seu terreiro, instalado na Rua da Goméia, embaixadores, políticos e artistas – sendo chamado pela imprensa “Rei Negro” e até “Papa do Candomblé”.

Um dos marcos para o reconhecimento das religiões de matriz africana no país, o Terreiro da Goméia foi um espaço com trajetória singular, tendo funcionado de 1951 até 1971, quando seu dirigente Joãozinho da Gomeia faleceu.

O Ministério Público Federal e a Defensoria do Estado do Rio de Janeiro, após pressão popular, questionaram as medidas que o município da Baixada Fluminense estava tomando para preservar o espaço, que merece proteção por estar em fase final de tombamento no Inepac como patrimônio imaterial e as intenções da escolha daquele espaço para construir uma creche.

Nesta segunda-feira (27), a Prefeitura de Duque de Caxias informou que pretende limpar o terreno que está completamente abandonado, com focos de dengue, lixos e animais. Muitos moradores reclamam do abandono do local, que se tornou perigoso para a região. Conforme recomendado pela Defensoria Pública, o local será cercado para ser preservado enquanto é reorganizado e a creche, que seria construída no terreno, terá um novo endereço.

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