Após negar ter agido de forma violenta, Caixa afasta gerente que ordenou expulsão empresário em agência de Salvador

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Crispim Terral - Foto: Betto Jr./CORREIO.

Um dia após declarar não ter identificado “por parte de nenhum dos seus empregados ou colaboradores, qualquer atitude de cunho discriminatório”, a Caixa Econômica Federal “muda de ideia” e decide afastar o gerente da agência da praça do Relógio de São Pedro, centro de Salvador, onde o empresário Crispim Terral, de 34 anos, foi agredido por policiais militares e retirado à força há cerca de uma semana.

Em nota enviada nesta quarta-feira (27), a Caixa informou que, além de afastar um funcionário, abriu uma sindicância interna para apurar o caso e vai realizar um treinamento com toda sua rede para reforçar sua política de relacionamento com clientes.

“A Caixa prima pelo respeito à diversidade de raça, origem, etnia, gênero, cor, idade, classe social ou qualquer tipo de diferença entre as pessoas”, informou o banco em nota, que destaca ainda que a Caixa segue uma política de “atendimento com zelo, presteza e prontidão aos clientes e usuários, de forma justa e equitativa”, diz a nota.

Crispim Terral – Foto: Betto Jr./CORREIO.

Na última terça-feira (26), cerca de 100 manifestantes estiveram na Caixa Econômica Federal do Relógio de São Pedro cobrando respostas sobre o episódio de violência sofrida pelo empresário Crispim Terral, que recebeu um golpe conhecido como mata-leão por policiais militares dentro da agência. A agressão foi gravada pela filha adolescente da vítima.

O comerciante conta que a confusão começou após um dos gerentes do banco o deixar por quase 5h à espera de atendimento, sendo que quando Crispim foi questionar, o gerente acionou a Polícia Militar e, na abordagem, um policial usou de extrema agressividade para imobilizar e conduzi-lo à delegacia.

O policial militar teria atendido à ordem do gerente geral da agência, possível ouvir no vídeo, que afirma “só sai com ele [Crispim] algemado”. Crispim, é proprietário da Farmácia Terral, em Salinas da Margarida, no Recôncavo baiano, relatou que durante dois meses vem mantendo contato com o banco para receber o comprovante de pagamento de dois cheques pagos pela Caixa Econômica, sendo que os dois foram devolvidos por falta de fundos. Também tentou requerer a devolução de R$ 2.056 retirados indevidamente

A manifestação, organizada através da internet, teve apoio de movimentos como o coletivo CMA Hip Hop, o militante Hamilton Oliveira, conhecido como DJ Branco, 37, afirma que esse ato foi de reação frente ao racismo e genocídio do povo negro. “Foi um ato para denunciar esse racismo institucional que existe nas instituições públicas e privadas e dizer para a sociedade que Seu Crispim não estava sozinho”, completa DJ Branco. 

Na manhã desta quarta-feira (27) a Caixa Econômica Federal divulgou que o gerente envolvido na confusão foi afastado das atividades e foi aberta uma investigação interna para apurar o ocorrido. O Ministério Publico do Estado da Bahia também está apurando a violência.

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