Após não ser chamado para vaga no programa de doutorado da UFPR, angolano é aprovado em outras 8 universidades

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O angolano Etiene Nataniel Pedro Dundão, foi aprovado em 8 programas de pós-graduação para doutorado em instituições brasileiras e portuguesas. As inscrições nas universidades vieram após o estudante não ser chamado para ocupar a vaga na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Etiene e a turma de formandos do Instituto de Desenvolvimento Solidário – Foto: Redes Sociais

Etiene ficou na terceira posição, os outros dois candidatos não assumiram a vaga e apesar disto, não foi chamado pela UFPR. De acordo com ele, a Universidade Federal do Paraná foi a primeira organização que se inscreveu e depois de não ser chamado, ficou com medo de acontecer o mesmo em outros lugares. “Eu não fui chamado até hoje, mandei email e não responderam porque não me chamaram. Fiquei sabendo que depois de 1 mês abriram outro edital para essa mesma vaga. Então fui prestando em todas as melhores Universidades, porque estava com medo de ser rejeitado novamente”, disse o angolano.

Ele não deixou se abalar pelo acontecido, e se inscreveu em outros 12 programas de doutorado, destes, o imigrante angolano foi aprovado em 8 instituições sendo 6 brasileiras e 2 portuguesas. 

Em Portugal, a Universidade Beira do Interior (Eng. Mecânica) e Universidade de Trás do Montes (Eng. Electrotécnica e dos Computadores). No Brasil foram as Universidade Federal do Rio de Janeiro (Eng. Química), o programa que é uma junção entre a Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas e Universidade Estadual Paulista (Bioenergia/Energia Limpas), Universidade Federal do Paraná (Eng. Mecânica e Eng. dos Materiais), Universidade Estadual de Campinas (Eng. Química) e a Universidade Federal Fluminense (Eng. Mecânica). 

As universidades escolhidas pelo estudante foram a UFRJ em Engenharia Química e no programa que é uma parceria entre USP, UNICAMP e UNESP em Bioenergia/Energia Limpas. De acordo com ele, a escolha foi com base na avaliação das faculdades no Ministério da Educação e onde pudesse trabalhar com algo que ajude na pandemia da Covid-19.

“Para eles eu sou refugiado” diz o estudante angolano

Segundo Etiene as pessoas brancas o vêem como refugiado e não estrangeiro ou imigrante, com isso não tem muitas oportunidades. “Eu como negro e estrangeiro vindo da africa, não tenho muitas oportunidades. Na realidade, nem estrangeiro me consideram para,  eles eu sou refugiado”, informa o doutorando. 

Em contrapartida, o trabalho de doutorado desenvolvido por ele, é algo pensado no coletivo, o desenvolvimento de um Sistema Integrado de Modelagem, Simulação e Controle da Propagação de Síndromes Respiratórias Aguda. 

Em resumo, sua tese explora e otimiza a contaminação de uma pandemia e logo em seguida apresenta propostas para modelá-lo e controlá-lo. O próximo passo é a apresentação de um modelo epidemiológico estendido, onde informa a probabilidade de melhoria da propagação. O estudo mostrou que o fechamento de estabelecimentos comerciais, uso de máscaras, evitar aglomerações, aquisição de mais leitos e contratação de mais agentes de saúde são importantes para a imunização da população e a eficiência do sistema. 

Após 10 anos no Brasil, o imigrante angolano vai para Namíbia

Etiene Nataniel, atualmente com 31 anos, chegou ao Brasil em 2009, é formado em Engenharia Mecatrônica e pós-graduado em Engenharia de Produção pela UniCesumar, também em Engenharia de Segurança do Trabalho na Universidade Cândido Mendes e Mestre em Bioenergia/Energias renováveis pela Universidade Estadual de Maringá. 

Após 10 anos morando, ele decidiu ir para a Namíbia com o intuito de aprender a falar inglês, no país africano Etiene passou por dificuldades. “Eu dormi em um garagem que tinha percevejo, baratas e ratos, mesmo com essa situação toda estudava de 10 a 12 horas por dia pra poder sair daquela situação”, conta o estudante. 

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Depois de voltar ao Brasil em novembro de 2020, Etiene ainda se vê em dificuldade, pois a bolsa de estudo não dá para sustentar a sua família formada pela esposa e filha. Ele também não pode trabalhar devido o auxílio, já que ao ter a carteira assinada o mesmo é cancelado. Dessa maneira, o imigrante vende livros para ter um complemento na renda, os programas das pós-graduações são de 4 anos e o doutorando está completando 1 ano na UFRJ e 1 ano e 4 meses na Unesp, Unicamp e USP, ou seja, vai ser preciso ficar mais 3 anos sem ter a carteira assinada e um emprego com benefícios. 

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