Após bispos da Igreja Universal em Angola de serem acusados de racismo e lavagem de dinheiro, governo angolano analisa situação da IURD no país

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A ministra de Estado para a Área Social de Luanda, em Angola, Carolina Cerqueira, anunciou, na última sexta-feira (17), que o Governo fará a apresentação de um informe, aos deputados locais, sobre a crise na Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Os pastores angolanos acusam a Iurd de desviar recursos para o exterior, discriminar funcionários locais e de promover a esterilização de sacerdotes africanos.

Em novembro do ano passado, pastores angolanos da Iurd anunciaram uma ruptura com o fundador da igreja, o bispo Edir Macedo, e com o restante da liderança brasileira da Universal. Em junho deste ano, pastores e ex-missionários angolanos começaram a ocupar igrejas no país, onde a IURD abriu mais de 300 templos desde 1992, ano em que foi criada como instituição sem fins lucrativos em Angola, sob o decreto executivo 31-B/92. As igrejas de Edir Macedo estão em 24 países africanos.

Para a ministra angolana, Carolina Cerqueira, o assunto não pode ser analisado unicamente do ponto de vista religioso, também é preciso levar em consideração as consequências políticas e diplomáticas. Sem precisar uma data, a ministra adiantou que o Presidente da República, João Lourenço, deu orientações para que a questão seja tratada com as comissões de especialidade da Assembleia Nacional.

De acordo com a ministra, há casos de justiça, mas também há casos com indícios de crimes e que devem ser tratados em fórum próprio e pelas entidades competentes: “Pensamos que há indícios de alguns crimes de violência física e verbal, que merecem tratamento dos órgãos competentes, de acordo com a lei angolana”, declarou.

Foto: IURD/Angola

Há uma semana, o embaixador brasileiro em Luanda, Paulino Franco de Carvalho Neto, entregou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro relatando o caso envolvendo a IURD ao ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte Antonio. O deputado Eduardo Bolsonaro usou a própria conta no twitter para divulgar a carta do pai, e foi bastante criticado por defender um problema que diz respeito à Universal. Na hora da publicação, ao invés de marcar em sua postagem o presidente de Angola, João Lourenço, o deputado se confundiu de @ e acabou marcando a conta de um João Manuel Lourenço que tem 43 seguidores. O perfil do líder angolano tem 68,8 mil seguidores, entre eles a embaixada do Brasil em Luanda.

Em declarações à Televisão Pública de Angola, na última quinta-feira(16), o pastor Milton Ribeiro reiterou as acusações de discriminação racial, lavagem de dinheiro e branqueamento de capitais. De acordo com o religioso, o dinheiro arrecadado era enviados para o Brasil, de forma “ilegal”.

A suposta evasão de divisas para o Brasil é uma das principais denúncias feitas pelos servidores angolanos da Igreja liderada pelo brasileiro Bispo Edir Macedo.

As denúncias contra a Igreja Universal em Angola vão além da questão econômica . Também há denúncias de racismo onde pastores e bispos angolanos a reafirmar que ter os mesmos benefícios pastores brasileiros. Entre as várias denúncias, já formalizadas à Procuradoria-Geral da República (PGR), estão questões como vasectomias e processos de castração para evitar que os pastores angolanos tenham filhos.

Os pastores angolanos e respectivas esposas, ouvidos pela Televisão Pública de Angola, falam da “falta de condições sociais” para os fiéis angolanos, apesar das grandes somas monetárias que oferecem à Igreja.

Os bispos e pastores angolanos, que se demarcaram da ala brasileira fiel a Edir Macedo, ocuparam algumas igrejas em Luanda e nas províncias de Benguela, Huambo, Malanje, Namibe e Cuanza Sul.

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