Após ampliar gastos com cartão corporativo, governo Bolsonaro insiste em CPI da Petrobrás

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Um dia após o jornal Folha de São Paulo divulgar que o cartão corporativo da Presidência da República tem chegado à média de R$ 1,2 milhão nos últimos cinco meses, o presidente Jair Bolsonaro (PL) insiste na instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobrás e os aumentos consecutivos no preço dos combustíveis.

O Presidente insiste na instalação da CPI – Foto: Carolina Antunes/PR

De acordo com os repórteres da Folha, Lucas Resende e Thiago Marchesini, os gastos com cartão corporativo do presidente aumentaram em 2022, às vésperas da campanha eleitoral. “Desde o primeiro ano de mandato, essas faturas têm ficado cada vez mais altas e atingiram recentemente o patamar de R$ 1,2 milhão por mês”, escreveram.

Ainda de acordo com a reportagem, os gastos com o cartão corporativo vêm aumentando gradativamente, desde o primeiro ano de governo. “A fatura média do cartão subiu de R$ 736,6 mil por mês no primeiro ano de governo para R$ 862,1 mil, em 2020. Em 2021, o extrato do cartão do presidente ficou ainda mais caro –R$ 1,1 milhão por mês. Agora, de janeiro a maio de 2022, essa média subiu para R$ 1,2 milhão num período em que Bolsonaro intensificou a agenda pelo país em clima de pré-campanha à reeleição. Esse aumento de despesas no início do ano colocou o chefe do Executivo em patamar recorde de despesas na comparação com os antecessores”, completam.

“Eu estou acertando uma CPI na Petrobras. ‘Ah, você que indicou o presidente’. Sim, mas quero CPI, ué, por que não? Investiga o cara, pô. Se não der em nada, tudo bem. Mas os preços da Petrobras são um abuso”, disse o chefe do Executivo sobre a instalação da CPI. Porém, especialistas reforçam que a criação da CPI pode ser uma manobra para criar uma “cortina de fumaça” sobre os gastos do cartão.

Para o professor e doutor em direito constitucional, Rodrigo Portela Gomes, a ideia do governo é criar, realmente, uma nova proposta de debate para desviar dos assuntos de política econômica do governo. “O que penso é que tem dois objetivos, além de deslocar a pauta de publicidade dos gastos (a publicidade é um principio da administração pública que esse governo viola cotidianamente), há também o deslocamento do desgaste da política econômica, como o resultado do preço de combustíveis no país”, analisa.

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Gomes também ressalta que essa criação de fato político é uma construção do governo Bolsonaro desde o início da gestão e, agora, em período pré-eleitoral, era esperado que se intensificasse. “Assim, a CPI seria um fator decisivo na validação desse discurso de que não conseguiu realizar sua agenda econômica por ter sido impedido por um esquema ou complô, naquela lógica de polarização que alimenta a sua base que é antidemocrática, racista, perversa, enfim, tudo aquilo que já sabíamos e temos denunciado, né?”, conclui.

Na última segunda-feira (20), o presidente da Petrobrás, José Mauro Coelho renunciou ao cargo após pressão do presidente e governistas.

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