Após 14 meses, acusação de racismo, cortes de investimentos e retirada de direitos, Weintraub não é mais ministro da Educação

demissão do ministro da educação no dia que Queiroz é preso

O ministro era conhecido pelas “brincadeiras” com assuntos de grande seriedade e pelas retirada de direitos, como a revogação de cotas para negros e indígenas na pós-graduação

Empossado dia 08 de abril de 2019, Abraham Weintraub, anunciou que deixará Ministério da Educação na tarde desta quinta-feira (18). No entanto, o ministro deixou um histórico de cortes de investimentos, ações consideradas racistas e antidemocráticas, acusou universidades de promover “balbúrdia” e criou “memes” para desviar o foco de assuntos que necessitavam de muita atenção.

Vídeo de despedida onde o ex-ministro agradece e abraça o presidente, Jair Bolsonaro

Após a demissão de seu antecessor, Ricardo Vélez Rodriguez, Weintraub assumiu mostrando que estava de acordo com as manifestações de Bolsonaro e passou a questionar o ensino nas instituições federais e dizer que nos campus tinham “extensas plantações de maconha” e que os docentes são “madrastas de doutrinação”, em publicações nas redes sociais, e seguiu assim até o fim. Na manhã desta quinta-feira (18), por exemplo, o ministro revogou a portaria que determinava a política de cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência na pós-graduação.

Em menos de 30 dias após sua posse, o ministro da Educação chamou universidades de “balbúrbia” e anunciou corte de anunciar corte de 30% no orçamento da Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal Fluminense (UEF). “Universidades que não apresentarem desempenho acadêmico esperado e, ao mesmo tempo, estiverem promovendo ‘balbúrdia’ em seus campus”, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, no dia 30 de abril de 2019.

A medida gerou protesto de professores, pesquisadores e estudantes em todo o Brasil. A UFBA, por exemplo, em 2019 aparece no grupo das universidades latino-americanas mais bem posicionadas no ranking Times Higher Education Latin America, aparecendo na 31ª posição. Já no Ranking Universitário Folha (RUF), entre 196 universidades brasileiras em 2018 a UNB aparece na posição 9 e a UFBA na 14, índices de desempenho que não justificam o título de “balbúrdia” recebido pelo ainda ministro da Educação, Weintraub.

Confira as 15 universidades do Ranking Universitário Folha – 2018

Após ser criticado pelo corte de verbas para obras no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, atingido por um incêndio que destruiu uma parte do acervo de 12 mil itens do prédio centenário, Weintraub gravou um vídeo encenando o clássico “Dançando na chuva” e disse estar “chovendo fake news”. O recurso de reconstrução do museu foi reduzido em R$ 12 milhões, mas o ministro alegou que era tentativa de manchar a imagem do Ministério da Educação.

“Novamente um veículo de comunicação, de mal com a  vida, tenta macular a imagem do MEC. Alega que a recuperação do Museu Nacional, aquele que o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro não conseguiu explicar, estaria sendo paralisada pelo MEC”, disse Weintraub, em maio de 2019.

O ex-ministro da Educação também se envolveu com polêmicas ao desconsiderar a desigualdade do ensino durante a pandemia e tentar manter o Enem 2020 para a mesma data, no entanto após pressão popular houve o adiamento. E teve uma derrota na luta por conseguir nomear reitores nas federais sem seguir os tramites legais. A Medida Provisória (MP) 979/20, que concedia ao ministro o poder de designar reitores e vice-reitores temporários das instituições federais de ensino durante a pandemia de covid-19, foi devolvida pelo senador Alcolumbre, fazendo com que a medida perdesse a validade.

Weintraub também é investigado no inquérito das “fake news”, que apura ameaças, ofensas e notícias falsas disparadas contra integrantes da corte e seus familiares.

Weintraub é acusado de racismo

Em abril deste ano, durante a pandemia da covid-19, Weintraub usa suas redes sociais para criticar os chineses e é acusado de racismo. Em tom que mistura xenofobia, preconceito linguístico e racismo recreativo, Weintraub insinuava um benefício da China com crise mundial causada pela pandemia.

“Geopolíticamente [sic], quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu o ex-ministro na publicação que já foi removida das redes sociais.

Diante da repercussão, a embaixada chinesa no Brasil, igualmente através de uma rede social, publicou uma nota de repúdio da fala do ministro da Educação. Após a acusação de racismo e mais polêmicas, o ministro Celso de Mello atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a abertura de inquérito para apurar a acusação de racismo.

“Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, declara Weintraub em reunião ministerial

Além de todas as questões anteriores, Weintraub enfrenta um desgaste político com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode ter forçado o governo a decidir pela sua saída. No último domingo (14) em que compareceu a um protesto em Brasília de apoiadores do governo, o agora ex-ministro voltou a se referir aos ministros do STF como “vagabundos”, repetindo a afirmação feita na reunião ministerial de 22 de abril, em que declarou o seguinte:

“Eu acho que é isso que a gente está perdendo, está perdendo mesmo. O povo está querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, um gesto que foi considerado antidemocrático por entidades.

Durante a reunião o chefe da pasta da Educação ainda disse: “E é isso que me choca. Era só isso, presidente. Eu realmente acho que toda essa discussão de ‘vamos fazer isso’, ‘vamos fazer aquilo’. Vi muitos ministros que chegaram, foram embora. Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu percebo que tem, assim, tem o jogo que é jogado aqui. Mas eu não vim pra jogar o jogo. Eu vim aqui pra lutar”, disse Weintraub.

Rodrigo Mais se manifesta com a possibilidade de Weintraub assumir cargo em um banco mundial

Ainda na tarde desta quinta-feira (18), durante coletiva de imprensa, o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, respondeu a pergunta da jornalista sobre a sua opinião da saída de Weintraub da Educação para assumir cargo em um banco mundial.

“Não sabem que ele trabalhou no banco Votorantim, que quebrou em 2009 e ele era um dos economistas do banco”, declarou Maia. Confira o vídeo na íntegra.

Rodrigo Maia comenta o possível cargo novo de Weintraub

1 Reply to “Após 14 meses, acusação de racismo, cortes de investimentos e retirada de direitos, Weintraub não é mais ministro da Educação”

  1. Alesandra Santos disse:

    Entendedores entenderão: Taí a importância de ter a maioria representativa proprocional em todos os poderes, com a caneta na mão + líderes com espinha dorsal ereta…sem negocoar com opressores em uma luta o importante e’ ganhar ocupar e manter as posicoes; porque numa luta nao se pode apenas resistir; quando nao se nao se mantem ocupacao; nao se estrategiza para; manter a posicao e nao avancar para vitoria…corre o risco de perder a guerra…mesmo levando em conta que sao MAIORIA…#AcordaGigante…Faremos Palamres de novo…sec.21 nem casa-grande ecnem senzala. Séc.21 é QUILOMBO! #AcordaGigante!!

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