Ancestralidade

“Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado.”
Paulinho da Viola

O calendário retorna a novembro e a celebração do mês da Consciência Negra, homenageando Zumbi dos Palmares, faz retomar um pensamento recorrente na formação de qualquer ser humano: de onde eu vim? E olhando para este site tomando vida é inevitável a conexão.

E se estamos tratando aqui de fortalecimento, construção e esperança, é fundamental lembrarmo-nos das lutas de quem nos trouxe a esse momento de empoderamento (apesar das ainda gigantes dificuldades). O poder da memória é nos manter atentos sobre nossa responsabilidade com aquilo que está por vir.

Das muitas violências a que nós negros somos submetidos ao longo da vida, a invisibilização de sua ancestralidade é uma das mais potentes – porque mais naturalizada. Afinal, os seus antepassados eram todos escravos que vieram de um continente (que continua) pobre.

O ensino raso para crianças e adolescentes sobre o que é a História do Brasil, especialmente a formação da população preta, nos torna órfãos da nossa própria existência. De um lado, aristocratas, militares, políticos, cientistas, clérigos, artistas, empresários; do outro, um conjunto supostamente uniforme de expatriados.

O projeto de nos manter cegos à potência da nossa ascendência é uma iniciativa orquestrada. A guerra para alterar o cenário vem sendo realizada há séculos, contudo as batalhas ainda estão sendo disputadas, sendo fundamental que nos tornemos agentes deste processo. E o Notícia Preta é uma dessas frentes.

Iniciativas como a de Alê Santos (@savagefiction), que através de threads (sequência de posts encadeados) no Twitter divulga personagens e eventos da História da África e do Brasil, são um portal para a montagem da nossa identidade – e, além disso, dos nossos caminhos.

Planejar e agir sobre amanhãs melhores passa, necessariamente, por aprender e refletir sobre o quê os ontens já nos ofereceram. Teses, filmes, livros, músicas, textos, pinturas, conversas na mesa de bar. Transmitir conhecimento é uma prova de amor.

É absurdo que seja mais fácil ouvir da boca alheia a versão de que as pirâmides são “alienígenas” do que realização “daqueles pretos da África”. Nos cabe colar as fotos neste álbum gigante e escrever nas páginas em branco sobre o que buscam apagar do nosso sangue.

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