Alívio no bolso: com dólar em queda inflação pode fechar ano abaixo do esperado

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O dólar obteve nova queda e já acumula diminuição de 12% durante o ano de 2025. O Boletim Focus desta semana tinha expectativa que a inflação terminasse o ano em 5,25%. Mas com a queda contínua da moeda americana há perspectiva de que a inflação seja menor.

Reportagem do Brasil 247 mostrou que o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, entende que a inflação pode encerrar 2025 em 4,8%. “As condições externas estão ajudando. Isso abre espaço para uma inflação mais baixa”, afirmou.

Impacto do dólar no dia a dia

Atualmente a economia brasileira tem sido dolarizada, em alguns setores a formação dos preços passa parcialmente pelo circuito do dólar. Os combustíveis, os alimentos e a produção de bens de consumo. Quando o dólar cai ajuda a descer o preço de alguns produtos.

Alimentos

O setor agrário brasileiro importa 80% dos fertilizantes, segundo a secretaria especial de assuntos estratégicos do governo federal. Quando aumenta o dólar, aumenta o valor do fertilizante.

O Brasil já teve sua própria empresa pública de produção de fertilizantes a Petrobras Fertilizantes S.A. (Fafen). Em 1998 o Brasil importava apenas 49% dos fertilizantes. Ao longo do tempo o setor público foi sendo privatizado e ficou na mão da iniciativa privada.

Combustíveis

Os combustíveis impactam no preço das passagens de ônibus, de avião, influencia diretamente no consumo daqueles que utilizam carro no dia a dia e também influencia no preço dos alimentos, pois o transporte de alimentos é feito majoritariamente por rodovias.

De acordo com Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) 10% da gasolina e 25% do diesel consumidos no Brasil foram importados em 2023. Mas o problema é que mesmo com baixa importação de gasolina e diesel, a Petrobrás manteve os preços acima do mercado internacional na maior parte de 2024.

DÓLAR
Foto: Gráfico retirado de artigo do economista David Deccache.

A Política de Paridade de Importação (PPI) era uma política que fazia com que a Petrobrás estabelecesse preços baseados no preço internacional, mas mesmo deixando de utilizar o PPI como base para reajustar os preços dos combustíveis em maio de 2023 de maneira formal, a empresa na prática continuou mantendo o preço acima do internacional em 2024.

As refinarias privatizadas também impactam no preço dos combustíveis. A Refinaria Landulpho Alves (RLAM): Localizada na Bahia, foi vendida em 2021 ao fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos.

A refinaria Isaac Sabbá (Reman): Situada em Manaus, Amazonas, foi vendida em novembro de 2022 para a Atem’s Distribuidora de Petróleo S.A. E por último a refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC): Localizada no Rio Grande do Norte, foi vendida em junho de 2023 para a 3R Petroleum.

Essas três refinarias praticamente definem o preço da gasolina e do diesel de parte do nordeste e de todo o norte e após a privatização o preço do combustível aumentou segundo o Observatório Social do Petróleo (OSP).

A refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC)- Do Rio Grande do Norte em junho 2023, vendia a gasolina a R$ 3,20 por litro, valor 27% superior ao praticado pela Petrobras, que era de R$ 2,52 por litro.

A refinaria da Amazônia (Ream): Em dezembro de 2022 comercializava a gasolina a R$ 3,06 por litro, uma diferença de 21% em relação ao preço da Petrobras. E a refinaria de Mataripe (antiga RLAM): Localizada na Bahia, em dezembro de 2022 vendia a gasolina a R$ 3,03 por litro, 20% acima do valor da Petrobras.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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