No Brasil, 942 pessoas foram resgatadas de condições análogas ao trabalho escravo, em 2020

Trabalho escravo

942 pessoas foram resgatadas de trabalho escravo no brasil em 2020

Um levantamento realizado pelo Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), indicam que a vulnerabilidade socioeconômica facilita o trabalho dos exploradores. Segundo a pesquisa, em 2020, 942 pessoas foram resgatadas no Brasil, em condições análogas ao trabalho escravo. Os dados foram divulgados na última terça-feira (11) e mostra que o trabalho escravo está radicado em fatores como pobreza, desigualdade de renda, concentração da posse da terra, e violência.

Relatório foi apresentado pelo MPT nesta terça-feira | Foto: MPT Mato Grosso do Sul/ Acervo / Divulgação / CP

Esse numero pode ser ainda maior: o relatório apresentado na 45ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro de 2020, aponta que o Grupo de Inspeção Móvel Especial (GIME), ligado ao Ministério da Economia e encarregado de investigar denúncias de trabalho forçado, reduziu significativamente suas operações, enquanto a vulnerabilidade à exploração e ao abuso do trabalho tem aumentado, principalmente em virtude da pandemia da Covid-19. A diminuição das operações se dá pelos bruscos cortes orçamentários que ocorrem desde 2016 e que culminou com a extinção no Ministério do Trabalho em 2019.

Entre 1995 e 2020, segundo a Inspeção do Trabalho (Ministério da Economia), foram realizados mais de 50 mil resgates, a maioria deles, conforme o Observatório, dentro do setor agropecuário e florestal. O levantamento ressalta ainda que, entre os anos de 2017 e 2018, 86% por cento das pessoas encontradas nessa forma de trabalho eram negras, reafirmando que as politicas sociais para a população negra ainda estão longe de serem efetivas. O cruzamento dos dados permite inferir que, dadas as condições mais propicias para o aliciamento das pessoas para o trabalho escravo, o povo negro é o que está mais vulnerável social e economicamente“, diz o relatório.

133 anos da Abolição da Escravidão

Nesse dia 13 de maio de 2021, dia da assinatura da lei Aurea, que aboliu a Escravidão no Brasil, o Noticia Preta traz alguns números para que se entenda esse dia como mais um dia de luta: 86% por cento das pessoas encontradas em situação de trabalho análogo a escravidão são negras, de acordo com o Observatório Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).  Em 2019, os negros representaram 66,7% da população carcerária, segundo 14º Anuário da Segurança Publica. Os negros também são as vítimas em 75% dos casos de morte em ações policiais. Pessoas pretas ou pardas enfrentam insegurança alimentar grave em 10,7% dos lares, de acordo com pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Não é coincidência. É racismo estrutural. É o Estado Brasileiro que mina qualquer tentativa de transformação da realidade das pessoas negras.

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