86% de moradores de favela não se sentem representados pela mídia tradicional, aponta pesquisa

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Um levantamento, intitulado Relatório de Consumo de Mídia, realizado pela Sherlock Communications, mostrou que 86% das pessoas que vivem na favela do Morro da Coroa, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, acreditam ser retratadas de forma injusta pela mídia tradicional.

Foto: Elisângela Leite

Ainda de acordo com o levantamento, 43% da amostra não afirmaram não ter computador em casa, mas 52% dos moradores citaram a internet como sua principal fonte de notícia e 76% assistem ao noticiário na TV todos os dias. A diretora do Favela em Pauta, portal de notícias independente, e residente do Complexo de Alemão, no Rio de Janeiro, Daiene Mendes, afirmou no relatório que a mídia tradicional no Brasil atende a um público de elite. “Temos um grande problema no Brasil com a desigualdade”, disse ela. “O que vemos na mídia é a criação de notícias que atendem a uma parte da sociedade, ignorando completamente grandes grupos. São os ricos conversando com os ricos. Uma vasta parcela da população não está representada na mídia nacional”.

Povos tradicionais

Entre os povos tradicionais brasileiros, o relatório entrevistou pessoas próximas a cidade de Santarém (PA), que pensam parecido: 58% disseram que consideravam a representação da mídia “injusta”. 39% normalmente acessam as notícias online, enquanto 26% obtêm as notícias nas redes sociais. 19% citaram a TV como sua principal fonte de notícias, com quase 10% obtendo as notícias do WhatsApp. Para Walter Oliveira, comunicador indígena que vive em Santarém, apesar de haver muita cobertura na mídia sobre as comunidades indígenas, “é raro que nós – as pessoas que realmente vivemos aqui – possamos falar por nós mesmos”, afirma. 

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Para Patrick O’Neill, sócio-gerente da Sherlock Communications, o levantamento mostra um afastamento das pessoas das mídias tradicionais. “Podemos ver pelos dados que as pessoas na América Latina estão se afastando das fontes tradicionais de mídia, em direção às plataformas da comunidade. Muitos jornais e emissoras estão perdendo uma oportunidade. Ao excluir certos grupos ou não incluí-los deliberadamente, basicamente eles estão dando as costas a um grande número de consumidores”, disse.

Mídia e Redes Sociais 

O levantamento mostrou ainda que os brasileiros são os que mais acessam as notícias pela televisão, com 78% assistindo, pelo menos, um noticiário por dia. Também são o grupo com maior probabilidade de ouvir notícias diárias no rádio na América Latina, 46% disseram sintonizar diariamente. 

Apesar da redução da participação de mercado, o Facebook foi visto como a plataforma de mídia social mais confiável para notícias, com uma média regional de 27%, selecionando-o como sua fonte de notícias mais confiável. No Brasil, citaram o YouTube como a fonte de notícias mais confiável, com 29% dos entrevistados colocando-o em primeiro lugar. 17% dos brasileiros deram seu voto número um ao Instagram; 16% para o LinkedIn; 15% para o Facebook; 12% para o Twitter e 10% para o WhatsApp.

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