3ª Mostra CineAfroBH promove programação em Salvador e Valença, na Bahia

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Kabadio - O Tempo Não Tem Pressa, Anda Descalço, de Daniel Leite - Divulgação Mostra Cine Afro BH

Criada em Belo Horizonte (MG), com a proposta de exibir filmes produzidos por diretores afro-brasileiros, a mostra circula pela Bahia nos dias 13 e 25 de julho promovendo, também, homenagens a mestres de culturas de raiz de matriz africana no estado.

Kabadio – O Tempo Não Tem Pressa, Anda Descalço 02, de Daniel Leite – Divulgação Mostra Cine Afro BH

Criada com o objetivo de difundir e incentivar a produção audiovisual de realizadores afro-brasileiros, a 3ª Mostra CineAfro BH promoverá atividades nas cidades de Salvador e Valença, na Bahia. Com a temática “Quilombos urbanos, fé e cultura”, a circulação pelo estado baiano faz parte do compromisso da Mostra de construir interlocuções e conexões entre os realizadores do cenário audiovisual mineiro com o cenário nacional. 

As exibições de rua da MCABH também tem como objetivo homenagear e promover o trabalho cultural desenvolvido pelos mestres da Cultura Popular e efetivar a legitimação dos seus saberes como Patrimônio Imaterial Cultural Brasileiro. Por isso, a programação é composta por sessões de cinema seguidas de rodas de conversa com os mestres homenageados, convidados e publico, sempre próximo aos locais onde esses mestres executam seu fazer cultural, contribuindo para um reposicionamento simbólico de suas atividades na comunidade local. Desta forma, os mestres ganham maior visibilidade no bairro onde vivem e recebem o devido reconhecimento por seu fazer cultural em suas próprias comunidades, pelo Estado,  ou mesmo pela indústria cultural.

Os 10 filmes selecionados para a terceira edição são majoritariamente produzidos por realizadores afro-brasileiros, sendo 6 deles mineiros ou então radicados em Minas Gerais, e os outros quatro vem do Rio de Janeiro, Maranhão e Espírito Santo. Desta forma, a Mostra CineAfroBH, realizada com os recursos do Fundo Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte, reafirma seu compromisso de valorizar prioritariamente o cenário audiovisual mineiro, construído bravamente por realizadores que atuam na transmissão das tradições culturais seculares para as futuras gerações, ao mesmo tempo que ao receber participantes de outras regiões do Brasil, constrói interlocuções e conexões com o cenário cinematográfico nacional.

Paz no Mundo Camará, de Carem Abreu e Jorge Moreno 03 – Divulgação Mostra Cine Afro BH

SALVADOR (BA)

No sábado, 13 julho, a MCABH promove a sua terceira sessão no Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), situado no Forte da Capoeira, em Salvador, entre 18h e 21h. A Programação Panorama apresenta os documentários “Congado.Doc: do rosário à coroa” [Dandara Andrade, 10′, 2016, MG] , “Dr Mestre João Pequeno de Pastinha” [Guimes Filho, Beto Silva, Gilson Goulart e Pedro Braga, 53’, 2007, SP], “Kabadio” [Daniel Leite, 16’09, 2016, RJ], além de um trecho do filme “PAZ NO MUNDO CAMARÁ: a Capoeira Angola e a Volta que o mundo dá” [Carem Abreu, 15’, 2012, MG]. O homenageado dessa sessão será o mestre João Pequeno, por sua importante e imprescindível contribuição para a cultura popular afro-brasileira, principalmente à capoeira angola. E quem apresentará a sessão será a mestra Nani, neta do mestre João pequeno, que também conduzirá uma roda de conversa com os convidados e presentes.

Dirigido pela mineira Dandara Andrade, o filme “Congado.Doc: do rosário à coroa” trata da festividade do Congado, uma tradição religiosa muito devotada em Minas Gerais, mantida por poucas famílias e que ainda enfrenta muitos obstáculos e preconceitos para manter-se viva. Com raízes no deslocamento compulsório das populações africanas para o Brasil, a manifestação percorre as ruas da cidade mostrando a mistura de elementos de suas crenças e devoção aos santos católicos, expondo o sincretismo de maneira única e emocionante.

Também serão exibidos o curta “Kabadio” e um trecho do média-metragem “PAZ NO MUNDO CAMARÁ: a Capoeira Angola e a Volta que o mundo dá” dirigido pela gaúcha erradica em Minas, Carem Abreu, que é idealizadora e produtora executiva da Mostra CineAfroBH. Após 11 anos de sua gravação (em 2008) no Forte da Capoeira e em outras 57 locações, nos estados da BA, RJ, PE, AL e MG, o filme será exibido pela primeira vez na Bahia. A narrativa do filme foi construída a partir de entrevistas exclusivas de Mestre João Pequeno de Pastinha, e mais de 40 mestres capoeiristas, expoentes das culturas populares, para propor a reflexão de qual foi a contribuição afro-brasileira para o desenvolvimento da historia e da cultura do Brasil, pela perspectiva da Capoeira Angola. Uma das mais tradicionais culturas de raiz afro-brasileiras, hoje a capoeira é praticada em mais de 170 países, como instrumento de paz e integração social. Mas há menos de 100 anos era discriminada e percebida socialmente como uma prática da malandragem. Assim, o filme propõe um olhar sobre quais teriam sido os movimentos realizados pela capoeira para mudar completamente a sua percepção social e também é um registro histórico do cenário da capoeira angola na década passada. 

Fechando a programação da exibição em Salvador, será exibido o documentário “Dr. Mestre João Pequeno de Pastinha: a trajetória do negro no Brasil através da Capoeira Angola”, que foca na trajetória de Mestre João Pequeno para contar a história de como a capoeira se fez arte, dança e luta. Dirigido por Guimes Filho, Beto Silva, Gilson Goulart e Pedro Braga, o media como a Capoeira sobrevive malandra para provar que a luta, a poesia, a dança, a música, a religião, a diversão ainda são peças fundamentais para a construção e grandeza do ser humano, enobrece pessoas e faz rejuvenescer um velho capoeirista.

VALENÇA (BA)

quarta sessão da MCABH acontecerá na quinta-feira (25 de julho), de 18 às 21hno Kilombo Tenondê na cidade de Valença, litoral da Bahia. O encontro homenageará o fazer cultural do Mestre Cobra Mansa, da Fundação Internacional de Capoeira Angola (FICA), e integrará a programação do XXIII Encontro Internacional de Capoeira Angola. Na ocasião serão exibidos os filmes da Programação Resistência, composta por curtas produzidos por diretores de Minas Gerais: “Quanto Vale?” [Thiago Nascimento e Danilo Candombe, 10′, 2016, MG], “Cabeceira do Turco”[Cristiano Pereira da Silva 15’19, 2017, MG], “Eu Pareço Suspeito?” [Thiago Fernandes, 27’, 2018, SP], e um trecho do media-metragem “PAZ NO MUNDO CAMARÁ: a Capoeira Angola e a Volta que o mundo dá” [Carem Abreu, 15’, 2012, MG].

Os diretores Thiago Nascimento e Danilo Candombe no curta “Quanto Vale?” propõem umareflexão sobreuma triste temática, infelizmente, muito atual para os moradores do estado de Minas Gerais e para muitas outras comunidades que estão a margem das ações predatórias de mineradoras e empreiteiras por todo o Brasil. O filme trata da marcha organizada pelo MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, que percorreu o caminho inverso da lama ao longo da extensão do Rio Doce, iniciando em Regência, no Espírito Santo, até Bento Rodrigues, no distrito de Mariana (MG). Assim, o documentário apresenta a importante marcação da marcha criada para cobrar os responsáveis, reivindicar respostas e para lembrar do maior crime socioambiental do Brasil.

 Já no curta “Cabeceira do Turco” o diretor Cristiano apresenta a comunidade homônima, na zona rural do distrito de São Sebastião do Bom Sucesso (Sapo), em Conceição do Mato Dentro. São fortes e chocantes relatos de moradores sobre as diversas violações de direitos que a mineradora inglesa Anglo American realiza na região.

No filme “Eu Pareço Suspeito?”, o diretor Thiago Fernandes inverte a lente e busca entender os motivos do seu estereótipo ser considerado suspeito, tratando de momentos de enquadros, prisões, invisibilidade, racismo e mortes muito próximas, como meio de se discutir essa vivência infelizmente tão comum para os negros no Brasil. Um trecho de “PAZ NO MUNDO CAMARÁ: a Capoeira Angola e a Volta que o mundo dá”, da diretora e capoeirista Carem Abreu, fecha a noite de exibição de filmes e abre a roda de conversa entre os participantes.

Sobre a Mostra CineAfroBH (MCABH)

A Mostra CineAfroBH foi idealizada em 2014 pela cineasta Carem Abreu, roteirista, Diretora  e Produtora Executiva da ATOS Central de Imagens. A MCABH foi criada como objetivo de incentivar e divulgar a produção audiovisual afro-brasileira de Minas Gerais, além de colocar no foco das atenções o trabalho cultural desenvolvido pelos mestres das culturas populares. Esses verdadeiros representantes da cultura brasileira, muitas vezes tem seu fazer cultural menosprezado, por aqueles que não os reconhecem como mestres populares, em função de ignorância, intolerância e covardia imposta pelo racismo velado. Promover o conhecimento da contribuição da cultura afro-brasileira para a identidade do brasileiro e respeito pela humanidade são os objetivos primordiais dessa atividade cultural. A Mostra CineAfroBH é realizada pela ATOS Central de Imagens e conta com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, Projeto 0171/2017 – FPC-SMC-PBH”.

::Serviço::

Mostra CineAfroBH promove programação na Bahia

Salvador:

Quando: 13 de julho (sábado)

Onde: Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA) Forte da Capoeira (Bairro: Santo Antônio Além do Carmo, s/n, sala 03 CEP: 40301-330 Salvador)

Horário: 18h às 21h

Mestre homenageado: Mestre João Pequeno

Filmes:

– Kabadio [Daniel Leite,16’09, 2016, RJ]

– Paz no mundo camará [Carem Abreu, Jorge Moreno, 15`2012, MG]

– CONGADO.DOC- do rosário à coroa [ Dandara Andrade, 10′, 2016, MG]

– Doc Dr Mestre João Pequeno de Pastinha [ Guimes Filho, Beto Silva, Gilson Goulart e Pedro Braga, 53’25, 2016, BA]

Realização: ATOS Central de Imagens

Informações: www.mostracineafrobh.com

Valença:

Quando: quinta-feira (29 de julho)

Onde: Bar da Nalva, Comunidade do Bomfim, Guerém, Valença (BA)

Horário: 18h às 21h

Mestre homenageado: mestre Cobra Mansa

Filmes:

– Cabeceira do Turco [Cristiano Pereira, 15’19, 2017, MG]

– Quanto Vale? [Thiago Nascimento e Danilo Candombe, 10′, 2016, MG]

– Paz no mundo camará [Carem Abreu, Jorge Moreno, 15`2012, MG]

– Eu Pareço Suspeito? [Thiago Fernandes, 27’, 2018, SP]

Realização: ATOS Central de Imagens

Informações: www.mostracineafrobh.com

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